segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Agenda cheia



Tomás faz 6 anos dia 25 de agosto.  Eu, faço 4 dia 1º de setembro, depois que o Xande, meu personal urologist começou a comemorar minha operação.  Sei lá de onde Tomás escutou a conversa mas domingo, quando nós dois fomos abrir a porteira do Meu Sítio, ele começou o inquérito.
-  Vô, num é que quando você não estiver mais doente, a gente vai lá em cima no lago lonado pra pescar?
Meio hesitante, concordei. 
-  É capaz de, quando você fizer sete anos, talvez a gente possa fazer isto.
Ele continuou:
-  Não é que nós também vamos brincar lá na praia de areia do riachinho?
Vamos sim, Tomás.  Se tudo der certo, vamos sim.

Tá achando que acabou?  E lá vem mais.
-  E não é que você vai selar o Rapadura pra gente andar a cavalo também?
Como eu já estava começando a ficar pré-cansado, só de imaginar a surra que estava prenunciando pra eu levar, lembrei o menino da minha ancianidade e da mobilidade reduzida.
-  Acho que vamos sim, Tomás.  Mas mesmo quando eu não estiver mais doente, eu ainda vou estar velhinho, velhinho.

Tomás, meio cansado dessas artimanhas de quem tá fugindo de serviço, concluiu a conversa:
-  Eu te ajudo.
E mais não disse e não lhe foi perguntado.  Ficamos assim.  Mas, da minha parte, já tô meio preocupado com a agitação que me espera...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Nada haver II



Já tô com uns 50 rins ofertados depois do último post.  Alguns, da primeira hora, desde o dia que eu fiz a operação, no dia 1º de setembro de 2009.  Gente que, do nada, ficaria feliz em me dar um pedaço de suas vidas pra eu levar a minha mais suavemente.

Diogo, meu filho-homem, chegou cheio de rodeios, perguntando se eu já estava liberado para exames de compatibilidade.  Lisa, a que me aplicou no Richarlyson, fingindo um jeito blasé incompatível com a novidade, me falava, na mensagem do celular:
-  Massaroca, pc.  Eu até animo de ver se sou compatível com você.
Como se a gente estivesse falando da coisa mais banal do mundo.

Tudo bem.  Isto é um assunto que nós vamos discutir depois de setembro, se meus exames de controle forem bonitinhos igual têm sido até agora.  Mas para mim é claro que eu vou  contar com transplante de cadáver.

Guguta, meu personal proctologist[1], me descascou.  Veio com o discurso médico pré-parado, dizendo que, sendo prático, isto significava que eu iria lá pro 9 mil e cacetadésimo lugar na fila.  E que eu não tinha o direito de negar a quem me ama a chance de me garantir o direito à felicidade e blábláblá...
Falei com ele:  Já discuti isto tudo com meus médicos.  Não estou negociando com você.  Estou informando que decidi isto.

Meio que querendo encerrar, Guguta bateu o martelo:
-  A gente ainda vai ter muito tempo pra pensar nisto.

Nem dei bola.  Neste momento, estou mais em lua de mel com o comportamento do Valente.  De qualquer forma, fazer o transplante inter-vivos vai só me poupar uns (poucos) meses de hemodiálise.  Não tenho dúvida que vou esperar um pouquinho, sem precisar tirar um rim de alguém.  

Tá tudo dando muito certo!


[1]  A quem eu sou gato por ter me aplicado no Metamucil



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Nada haver



Claro.  Não tem nada a ver.

Uns dias aí pra trás fui tomar umas[1] no final da tarde com meus amores platônicos do Estadual, Inezinha e Thê.  Tomate não pode porque o amado chegara de viagem.

Inezinha, que é minha personal pathologyst desde o começo, falava do quanto ela gostava de me ver, principalmente quando lembrava dos resultados dos primeiros exames que eu havia mostrado aqui.  Pra ela, era um milagre, eu ali, todo pimpão e frajola.  Deve ter sido por isto que o Xande, meu personal urologist, havia ficado so impressed com os resultados de exatos 11 meses e 18 dias da operação.

Semana passada eu terminei minha bateria de exames periódicos de controle.  Leco, meu personal oncologist, examinou tudo, rindo sem parar [2].  Depois foi a vez de Xande, supracitado, que gargalhava durante a consulta como se estivesse assistindo a um espetáculo de standup.  Devia estar lembrando da Síndrome de Tadeu, meu personal public relations junto a Ele.  Xande tinha medo de mim, no começo, porque, se desse errado, era culpa dele[3]. E se desse certo, era Tadeu rezando por mim.

Terminada a consulta, me falou que, com os resultados dos exames de setembro, quando completam 4 anos da operação, me entrega o laudo que me capacita a entrar na fila do transplante do rim.

Claro.  Não tem nada a ver.

Semana passada, Gêisa, que viajara a Paris para um congresso de psicanálise, enquanto eu estava pirulitando de um médico pro outro, tinha ido à Igreja de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, na 140, Rue Du Bac, rezar por mim.

Fico pensando que, com a ajuda de São José e Nossa Senhora, eu recebo muito mais que eu peço.  Não tenho nenhum haver quando for fazer meu equilíbrio de contas.  
Agradeço o tempo todo por isto.



Crédito:  a ilustração, originalmente em p&b, foi colorida pelo Alê Starling



[1]  Elas foram tomar umas. No meu caso, foi meio suco, e dos pequenos. 

[2]  O tal código que eu traduzo como tudo bem.

[3]  Agora com “e” minúsculo mesmo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Asa de papel



Você já deve estar cansado de ouvir falar em Marcelo Xavier aqui nest’A Saga.  Já me ouviu contando do pacotinho e do jeito que São José recebeu o dele, já ouviu Lisa, minha filha do meio, apresentando Marcelo pra uma amiga falando que ele era o namorado do meu pai, já ouviu a história do livro que ele dedicou pra mim.  Sempre, uma declaração de amor atrás da outra.

Eu, não.  Pelo contrário.  Falo dele toda hora e, sempre que posso, corro pro Café Book onde Marcelo, quase que religiosamente, bate o ponto, mesmo sem ter assunto nenhum pendente na pauta.

E o assunto de hoje é da maior importância.  O livro Asa de Papel foi escolhido entre os dez melhores livros de imagens do Brasil de todos os tempos.  A seleção foi feita pela FNLIJ - Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil para o projeto World Through Picture Books, organizado pela IFLA - International Federation of Library Associations.  Pra divulgar este projeto, a IFLA realizará duas exposições com exemplares dos outros livros selecionados ainda neste ano.  A primeira será em Bolonha, durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, e a segunda está prevista para acontecer em Tokyo.

No link http://www.ifla.org/node/6718 estão todos os escolhidos, de diversos países.  Em http://www.ifla.org/files/assets/libraries-for-children-and-ya/Picturebooks/Brazil1.pdf está relação dos dez títulos brasileiros.  Tudo bem que Asa de Papel começa com a letra A.  Mas é o primeiro da lista.  Do jeito que eu sou, já fico achando que é o número 1.  Aliás, aqui eu falo da dedicatória que ele escreveu no Asa de Papel e quando o livro foiimpresso em espanhol, para a América Latina.  
Fala se não é pra ficar encantado com este menino...  Fala?



ps:  Eu ia colocar aqui uma vinhetinha que ou a Tv Cultura ou a Futura usam as imagens do livro.  Distraído, ele nem lembra do nome do programa.  Fico devendo.


Resolvido: