segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Carnaval



A véspera do Carnaval foi meio complicada.  #tenso
É que, com a ameaça de greve que a polícia fazia no Rio e em Salvador, ninguém andava querendo viajar. 
Quer dizer, ninguém em Sete Lagoas, que era onde meu mundo pretendia se transferir pra passar o carnaval no Meu Sítio.  Tudo levava a crer que eu precisaria vir a BH pras minhas sessões de hemo, o que deixava o povo aqui de casa tenso também.

Mas no final deu tudo certo.  Na quinta, Renata de Sete Lagoas me liga, falando que ia ter a vaga pra segunda e pra quarta.  Melhor impossível.

Impossível, nada.   Chegando em Cachoeira da Prata, passei no Posto de Saúde.  A ambulância da cidade levava e trazia um cidadão pra fazer hemo.  E acabaram me encaixando no traslado, garantindo a ida e a volta, sem precisar de incomodar alguém pra me levar e buscar.  O único problema, quenão era novo pra mim, é que eu não cabia na ambulância.  Mas foi tudo tão bacana que, na quarta, levaram a gente no carro.  Adorei...

Pensa que acabou?  Acabou, nada.
Desta vez, meu anjo da guarda foi a Mocinha[1].  Mocinha era uma reedição da Aniele.  A mesma doçura, a mesma mão de seda, que, surpreendentemente, me fazia conferir, depois da punção feita, pra ter certeza que eu havia sido picado sem o menor resquício de dor.

O que reforça minha tese sobre a mão de seda na área de saúde.  Teve gente que dizia que era uma questão de relação de confiança, que eu me entregava, blá, blá.
O cacete.  Tem gente que é anjo disfarçado e faz o nosso percurso ficar ainda mais leve.  E, cada vez mais, eu ando tendo minha vida rodeada por eles. 




[1]  O nome dela, de verdade, é Lucimara.  Mas com a mania de chamar todo mundo de mocinho, acabou que o nome dela virou este.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Be my Valentine II


Quando eu passei no vestibular, eu não tinha passado, exatamente.  Deixa eu me explicar: 
Eu havia ficado em primeiro lugar entre os excedentes.  O que deixava minha chapa esquentando, uma vez que Gêisa já tinha passado em Psicologia, et pour cause, minha sogra andava olhando pra mim com uma cara que não era lá de muitos amigos.
Fiquei uma semana esperando pra ver se alguém desistia e assim, eu pudesse ter minha entrada na universidade garantida.
Aos 44' do segundo tempo, apareceu uma desistência.  Só que, junto com a vaga, apareceu também uma candidata que havia sido listada entre os alunos de outra escola e precisava voltar pro lugar correto, que era na turma de Relações Públicas. 
Justo na minha. 
Uma tal de Cláudia Maria Pena Araújo.
Mas aí, aos 45', um coitado não passou no Madureza e não pode fazer a inscrição.

Foi dessa forma desastrada que Cláudia entrou de vez na minha vida e se tornou, de lá pra cá, a melhor amiga que a escola me deu.  Tudo, a gente fazia junto.  Estudava, estagiava, assinava trabalho um do outro.  Tudo.

Ela não gostava muito de Relações Públicas.  Devagarzinho, foi abandonando a profissão e terminou sendo secretária da diretoria da Açominas.  Foi aí que Vagner apareceu e, por causa dela, a vida de nós todos foi virando um cipoal que, a todo momento, fazia nossa vida se cruzar[1].

Foi minha madrinha de casamento[2].  Depois, levou as duas filhas pra o Ponto de Partida, escolinha que Gêisa abriu quando a gente voltou da França. 
Neste momento a gente ficou um breve tempo sem se ver e ela me aparece formada em Enfermagem.  Não entendi nada.  E ela: 
-  Tô na maior felicidade...
Fizemos um jantar aqui em casa em homenagem a tal formatura e ela, ressabiada (sentimento legítimo de quem me conhecia até o último fio de cabelo): 
-  Você tem certeza que isto é uma homenagem?  Ou você está de sacanagem comigo?

Era homenagem mesmo.  Cláudia me deixou fascinado com a coragem de ter reorientado a vida para uma coisa que ela adorava, mesmo já tendo construído uma carreira profissional respeitada.

Depois, quando Vagner foi pra Santa Casa, me queria montando um projeto de educação que ele começou com a PUC Minas.  Foi um dos sonhos mais bacanas que a gente viveu juntos.

Cláudia foi a primeira pessoa que apareceu aqui em casa, depois da operação.  Morreu de rir quando eu contei pra ela queficava torcendo pra ela adentrar meu quarto, agora como enfermeira.

Um pouco mais tarde, um câncer começou a encher o saquinho dela.  Eu deixava os livros do blog na sua casa e ia trocando notícias com Vagner na Fundação Dom Cabral onde, de novo, nossos caminhos se cruzaram.

Justo depois do último post, quando que eu falava de minhas Valentines, recebo a notícia que Cláudia morreu, com o câncer maltratando os últimos três meses da vida dela.  Mas ela ainda teve tempo de brincar com Lucas, seu primeiro neto, filho da Andréa, que fez Cláudia levar uma lembrança bonita de tudo que ela construira neste tempo por aqui.

Pedi a Andréa que pusesse junto ao Lucas a medalhinha de Nossa Senhora que o Valentim trouxe pra mim da igrejinha da Rue du Bac.  É tudo que eu gostaria de ter dado pra Cláudia antes dela ter ido.




[1] E você acredita que, até na faculdade de Biologia, Ciça foi colega de Clarinha, a mais nova dela.
[2] As duas fotos que iluminam este post são do meu casamento

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Be my valentine - 204


Zezé, minha valentine forever, me lembra que hoje é dia de São Valentim.
Diz a lenda que o imperador romano, Cláudio II, precisando de soldados pra suas batalhas, havia proibido os casamentos no império romano para que os rapazes não criassem laços familiares e, por isto, tivessem menos vontade de se alistar.  Mas, apesar de tudo, um bispo romano, Valentim, nem aí pras ordens do imperador, continuou fazendo casamentos em segredo de todos os jovens apaixonados que o procuravam.

O dia de São Valentim me faz pensar mais na idéia do amor cristão, que eu compartilho com meus amigos, todos, do que propriamente no conceito de amor apaixonado.  Hoje, pra mim, é o dia dos amantes, das pessoas que se amam e das pessoas que eu amo.
É dia do Marcelo, Gordo, Du, João, Celinho, Boni, Carlinhos, Paixão, Inezinha, Márcia e Selgin, Cláudia, Cecília e Marcus, Renata[1] e meus amigos todos que me inspiraram, segurando minha onda na hora que a barra esteve pesada.
É dia do Valentim de verdade, que me fazia pensar que, afinal de contas, tinha gente muito mais corajosa que eu.
É dia de eu agradecer a Nossa Senhora por este povo todo que me apresentou sempre uma perspectiva nova pra eu encarar o que me estava sendo apresentado.

Você já deve ter ouvido falar de meus valentine forever, se acompanha o blog desde o começo.  Se não, usa a caixa de pesquisa e confere.
Aliás, se seu nome não tiver aparecido por aqui, você está em cada linha do que foi escrito nest’A Saga.

A Saga de Valente é sua, bacana.  É por sua causa que est'A Saga existe.




[1] Renata hoje, no blog dela (http://renatafeldman.blogspot.com/2012/02/valente.html ), encheu minha bola falando da minha coragem, do meu exemplo, blá, blá, blá...
Dá uma passeada nos textos que ela posta que você vai entender que um pouquinho, vá lá, eu mereço.  Mas o pesado é responsabilidade do tanto que o coração dela é grande o bastante pra nem caber nesta blogosfera.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Filosofando - 203



O dia tinha sido um destes dias normais.  Tomás correu atrás das galinhas, deu comida pros porcos, fiscalizou a horta, nadou, andou na Faísca, subiu no pé de amora, brincou com os filhotes da Nera, foi dar comida pros carnerinhos, pegou areia no córrego, comeu goiaba com bicho e tudo, pintou o chão com giz de cera[1], brigou porque não queria tomar banho ...
Enfim, a mesma rotina de sempre.

O sol se pondo, colocou sua mesinha na varanda e ficou, por um breve momento, introspectivo, só olhando e pensando.  A avó, de longe, estranhava o momento incomum mas acompanhava de longe. 
Com a maior calma do mundo, Tomás se vira pra ela e pergunta: 
-  Por que a gente tem que voltar?
Pega de surpresa, a avó amealhou os argumentos que lhe ocorreram pro momento:  vovó trabalha, tia Ciça tem que namorar com o tio Cris, vovô faz hemodiálise, blá blá blá.
Impassível, curtindo o momento certo de que a vida tinha muito pouco a mais a lhe oferecer, Tomás concluiu:
-  Eu queria morar aqui até morrer!

Agora me veio com outra pérola.  Ela havia quase derretido no sábado, nadando comigo e com o Frank.  No domingo, estamos nós três de novo na piscina quando Tomás reclama:
-  Eu nunca tinha visto você nadando comigo, Tio Frank.
Frank respondeu, meio atônito:
-  Quêisso, meu? A gente nadou ontem o dia inteiro!
E o menino, sem perder a ginga:
-  É mesmo.  Eu me esqueci.  Mas a vida é assim...  A gente esquece mesmo das coisas...

Vou acabar descobrindo um dia que Sócrates, o filósofo, reencarnou ali...




[1]  Cecília  Regueira, seu giz faz o maior sucesso até hoje!




quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

E nem tão nova assim - 202



Quando a bolsa estourou[1], eu trabalhava na Vale e a gente morava no Rio.  Diogo ia ser nosso primeiro filho e Emerson já havia acertado comigo a bolsa para a França.  Marinheiros de primeira viagem, a única coisa que nos ocorreu foi dar dois telefonemas.  Um para o Geraldo Cegonha, tio da Gêisa, que havia feito o parto quando ela nasceu e acompanhava a gravidez como se pai dela fosse.  O outro, para o Dr. Celso Ferreira que, com a maior abnegação e renúncia, abandonou sua banca de advogado pra se transformar em nosso escudeiro, pra lá e pra cá, atendendo as orientações do TiGeraldo até que Diogo entrasse no aviãozinho da Líder e viesse a nascer em Belo Horizonte.

De lá pra cá, Dr. Celso tomou gosto pela coisa e virou protetor de meus filhos.  Carregou Ciça no colo quando ela foi fazer o mestrado no Rio[2], ajudou Lisa a procurar apartamento.  Até onde eu escuto, Dr. Celso faz isto com todo primo nosso que trocava as Alterosas pela Cidade Maravilhosa.

Esses dias, Dr. Celso tá passando um perrengue danado.  Dia 25, atendeu o último cliente, fechou o escritório e saiu tranqüilo pra casa.  Não mais que meia hora depois, o prédio vizinho ruiu.
Você, eu não sei, mas meia hora pra mim é perto demais.  Pra mim, Celsinho nasceu de novo.  Seu escritório, por causa do desastre, ainda está interditado pela Defesa Civil.

Audaz,  Dr. Celso já montou um escritório alternativo, associado com um dos inúmeros companheiros que ele fez pela vida afora.  Aliás, com a lista de amigos e clientes que Celsinho construiu nestes tempos de Rio de Janeiro, vai ser menos duro reconstruir a banca.  Em você precisando de um advogado sério no Rio de Janeiro, fala comigo e eu te passo as coordenadas dele.  Acho que não podia estar em melhores mãos.

Isto vai acabar virando uma ordem de cavaleiros.  A cada dia aparece um Valente a mais me fazendo companhia...






[1]  Claro que eu não estou falando da de Valores.

[2]  Saia de taxi de Jacarepaguá só para estar conosco, quando a gente estava feito louco procurando apartamento pra Ciça.  Dizia que tinha vindo tomar um chopp.
Mentira.  Despencava de lá só pra nos dar apoio...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Gente Nova



Tem um povo, neste mundo de meu Deus[1], onde você conta seu aniversário no dia da concepção.  Antônio entrou na nossa vida  desde o dia que a amarílis do Dão floresceu no Meu Sítio.

Mas dar as caras mesmo, foi só no dia 28 de janeiro em Resende.  Com 52 cm e 4,2 kg, eu achei que foi até pouco, pelo pai e pelo avô.  Fernandinha ficou ainda mais linda.  Brad Pitt está frito, se o Antônio puxar o talento do pai e a beleza da mãe.  Pra sorte do menino, se for o contrário, tá tudo de bom também.

Bom pro Tomás que, devagarzinho, tá aumentando o número de primos, pra deixar o Meu Sítio mais animado.  Já tem o Henrique da Duda, o Miguel da Gabi, a Flora da Lud e do Limão,...  Uma renca.

Bom pra mamãe, que, devagarzinho, vai vendo marcas do papai nos seus bisnetos crescendo, mesmo não sendo filhos dos filhos dela.

E bom pra nós todos que, junto com as fotos do Antônio, recebemos um texto do Saramago que dá pra uma reflexão bacana sobre criar os meninos

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.  Isto mesmo!  Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.  Perder?  Como?  Não é nosso, recordam-se?  Foi apenas um empréstimo". 

A gente perde mesmo a cabeça...  Bem vindo, Antônio.  Tomás está doido pra te mostrar o Meu Sítio a Fazenda.




[1] Deve ter sido no Ceilão, na Mesopotâmia, sei lá.  Desse povo que levita...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Recuperação - 201


Zé Augusto, meu personal nephrologist, me descascou hoje na hemo.  Tinha muito tempo que eu não passava por isto.  Fiquei lembrando do tempo que eu tomava segunda época e tinha que repetir o percurso todo. 
Tomei recuperação em fósforo.
        
Tem dois meses que meu fósforo tá estratosférico.  Talvez inteire três, com os resultados do exame de hoje.  E o pior é que não é nenhuma disfunção que se resolva com remédio.  Foi puro descuido meu com minha alimentação.  Vou ter que ficar de olho no ovo (farofa e macarrão carbonara), derivados de leite (pizza e pudim) e carne vermelha (bife de parrilha saingnant).  Coisa que eu posso comer de vez em quando ou numa quantidade discreta, digamos assim.
                
Ou seja, missão impossível.
            
Brincadeira.  A coisa fica até fácil quando eu levo em conta as ponderações que ZéAugusto me fez.  O principal efeito do fósforo alto é a calcificação das artérias.  Deixando do jeito que está, viro candidato de entrar nas Olimpíadas na modalidade Ataque Cardíaco.  Aí o próximo passo vira entupimento e lá vou eu pro saco.

Bom que tudo tem solução.  Em vez do pudim, goiabada cascão.  Em vez do carbonara, molho bologneza.  Em vez do filé, frango na chapa.  Quer dizer, não vou nem lembrar.  Preciso saber se tem jeito de fazer farofa só com a clara do ovo.  Não sei se vou sentir a falta.  Acho que a cor é que vai fazer falta.  Mas ainda assim, é MUITO melhor do que a alternativa.
             
Pra encerrar a limada, Zé exigiu exercício três vezes por semana.  Que eu acabo não fazendo por pura preguiça.
                        
A partir de hoje, quem quiser encontrar comigo, vamos pra piscina aquecida do Olímpico no final da tarde.  Vou ficar um gato!!!