Eu viro um menininho de dez anos, tem hora.
É que quando a úlcera da minha canela fechou, as terminações nervosas se reconectaram e, bacana, o trem coça como não sei o que. Desesperadamente. Leco, meu personal oncologist havia me previnido.
Uma vez eu estava no Meu Sítio, a ferida quase fechando, e não resisti. Fiz com a mão como se fosse uma carícia em volta do local. Depois passei a unha com a maior suavidade possível. E, ato contínuo, eu tinha caído na pegadinha. Coçava, feito um desesperado. Aí, é claro, foi tudo por água abaixo...
Como você possui um conhecimento só de ouvir falar, é capaz de estar pensando assim:
- Mas se sabe que não pode, então por que coça?
Oh, meu Deus, explica pra esta pessoa o que é desespero. Só assim ela vai entender. A coisa é insuportável!
Depois dá o maior baixo astral, eu querendo saber onde estava com a cabeça, pra coçar logo o pedacinho em recuperação.
Mas fissura é isto.
Eu não conseguia pensar em outra coisa.
Devo ter feito isto umas quatro vezes, nestes 5 meses que minha ferida não cicatrizava direito.
E tirar a casquinha, então? Uma delícia...
Mas muito caro, diga-se.
Agora no final, descobri um macete que foi maravilhoso. Na hora em que a vontade de coçar vem irrefreável, eu cubro a ferida com esparadrapo microporo, daqueles largões, pra proteger a pele com-ple-ta-men-te. Aí, coça suavemente em cima do microporo.
A sensação é de estar fazendo uma coisa errada, sem chance de ser pego por seus detratores. Maravilha.
Ando adotando este estratagema preventivamente. Quando dá muita vontade, meto o microporo e dou a coçadinha.
É melhor que comer doce de leite quando se está de regime...