quinta-feira, 28 de abril de 2011

Análise do discurso - 160



Tinham duas  matérias que eu não tenho o menor registro, do meu tempo de faculdade.  Uma, era Jornalismo Comparado.  Não lembro uma aula que Herval deu pra nós.
A outra, Análise do Discurso, que não lembro nem quem foi meu professor.

Bem feito.  Agora fico eu aqui, sem ter idéia do que seja isto, pensando se ia me ajudar a traduzir a conversa mole e complicada de médico.  Pensei nisto hoje, lendo o blog da Nana Roig, minha amiga virtual que anda colocando um linfoma dela no devido lugar.
E lembrei do tanto que eu gosto dos meus médicos, com quem eu acostumei a não dar a menor bola pra laudo de exame e a pregar os olhos na expressão deles.
Triscou, tô na rôia.  Riu, tá no fisgo.
Simples assim...

Vê se eu ia conseguir viver com médico que me falasse de anastomose?   Meu benchmark é estável.  Estável pra mim, quer dizer calmo.  Neguinho tá na CTI, você pergunta:  Melhorou?
Respondem pra você:  Tá estável.

So what?

Por isto eu sou doido com Maria Luiza, minha personal radiologist.  Ela me entrega um punhado de relatório complicadérrimo.  Com um sorriso lindo na cara.  Quer dizer, tá limpo.
Xande, meu personal urologist, quando perguntei pra ele, antes de operar, o que era o trombo que eu tinha na veia cava, foi cristal clear: 
-  É um chouriço que você tem onde o sangue devia correr solto.
Aliás, o melhor laudo que eu já tive foi dele, quando pegou a tomografia da Luiza e falou:  I’m impressed!
E o Leco, meu personal oncologist, fica me examinando e morrendo de rir.  Cada vez que ele registra que meu pulmão está bacana, ri feliz como se estivesse vendo um gol do Messi.  Apalpa meu estômago e ri.  Manda eu respirar, e ri, enquanto me asculta.

Fora Inezinha, que não faz parte da equipe mas virou minha personal pathologist e me traduz tudo que eu não entendo.

Agora, fala se você não fica muito mais seguro na mão de uma pessoa que é especialista em acolhimento, e que joga luz onde você não enxerga nada?

Eu, adoro.


terça-feira, 26 de abril de 2011

Edição Extraordinária 62 - 140, Rue Du Bac



Lembra quando eu fiquei com o coração apertado nos post Crias?
Pois é.  Deu tudo certo.
Quando a avó do Valentim foi pra Paris acompanhar o parto, falei com ela pra ir na Igreja de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa[1], na 140, Rue Du Bac, pedir a proteção pro menino. 
Paciente, ela riu de mim. 
Tinha uma data que ela estava garrada.

A mãe tinha ido pra sala de parto com a medalhinha no pulso e, o tempo todo, Valentim, desde que nasceu, tinha a medalinha junto dele.  A avó sofria mais que eu, quando vi o pé do Tomás sangrando.

Os prognósticos dos médicos eram desalentadores.  Era quase impossível que o pequeno Valentim conseguisse enfrentar tanta dificuldade.  E foi um tal de todo mundo rezar e pedir força que o céu todo devia estar se ocupando do menino.

Pois você acredita que a avó chegou contando maravilhas do menino?  Foi pra casa um dia depois (um dia mesmo, não é modo de dizer não.  24 horas.) de ter saído da UTI pediátrica.
 
Valentim está bom que nem côco.

Preocupado com a mãe e a avó mimando este menino demais, já combinei com o pai que, assim que estiverem em Belo Horizonte, vamos levar Valentim ou no Mineirão ou na Lacoste Sports Arena de Sete Lagoas pra ver um jogo do Galo.

Ficando só por conta delas, vão estragar o garoto logo, logo...



[1]  A avó me trouxe umas medalinhas.  Estou guardando pra os casos de necessidade.


domingo, 24 de abril de 2011

Edição Extraordinária 61 - Meu apoio



Na verdade, Xande, meu personal urologist, dizia que eu era o cliente mais crítico que ele já havia tido.  Dando errado, a culpa era dele.  Dando certo, era porque Tadeu, meu primo, tinha me dado uma medalha de Nossa Senhora, benta pelo Padre Libério e rezava pra mim todo dia.

Muito cômodo, esperar sua vida empepinar de vez pra garrar com Nossa Senhora, diria Leo Gomes.  Mas desde que minha vida virou de perna pro ar, eu ando descobrindo uma fé interminável que eu não sabia existir em mim.

Vivi momentos em que parecia que entrava em transe.  Que eu me lembre, o primeiro foi quando um grupo de uma igreja perto do Hospital Luxemburgo veio, do nada, cantar para os doentes.  Eu acabara de sair do CTI e ainda estava bem estragado, mal conseguindo ficar de pé.  Saí caminhando atrás do grupo pelos corredores, em procissão, numa distância que, naquele momento, acho que eu não conseguiria.
Outra vez, no casamento do Dão, quando nós fomos em Aparecida.  Diz Maria Elisa que eu saí andando, chorando, falando pra todo mundo que podia deixar que eu me virava ali, todo autônomo.

Eu sei que, desde o dia da operação, tem um copo com a medalhinha milagrosa de Nossa Senhora, do meu lado.  Toda vez que eu bebo água, rezo a jaculatória dos devotos:
“Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, rogai por nós que recorremos a vós”.
Não me lembro de nenhuma vez que eu tenha deixado de falar este pequeno mantra quando bebia água...

Tenho pra mim que muito do que eu me reinventei depois da operação foi com a ajuda dessa medalhinha.
Daí, tô aproveitando a Páscoa pra te desejar um novo tempo.  Descubra a fé que anda encoberta em você e conte com ela pra te levar por um novo caminho.


terça-feira, 19 de abril de 2011

Mundo virtual - 159



Já falei na Sakana aqui, algumas vezes.  A gente tem alguns pontos em comum:  é companheira de hemodiálise, redatora publicitária e, pasmem, tem um blog. 

Uma outra coincidência é que a gente é o contrário do que parece ser. Meus meninos ficam com ódio quando alguém fala que eu sou engraçado.  O comentário deles, imediato, é:
-  Vai morar com ele...
Sakana apregoa pros sete ventos que tem um humor do cão e é doce como um marshmellow.

Talvez por isto a gente se aproximou e andamos numa troca de dengo fora do comum.  Mó rasgação de seda.
Outro dia ela andou reclamando no blog de problemas com o sal.  Mandei pra ela uns três pacotinhos de temperos que a gente passou a usar aqui em casa fazendo pratos com sabores singulares.  Principalmente as carnes, com os tais temperinhos fazem o sal parecer completamente desnecessário.

Sakana me pagou, regiamente, com um post onde ela escancara pro mundo seu amor por mim.  Acho que você podia dar um pulo lá e ler, especificamente, este post (que não por acaso chama Mundo virtual) pra entender como esta menina derrama mel e faz um esforço sobrehumano pra parecer mal humorada.

Ontem recebi uma caixinha do correio repleta de dengos. 
Era dela.  Devia ser alguma espécie de DNA ou documento de identidade.
A caixa veio lotada com uns marshmallowzinhos japoneses, com creme de maçã por dentro.  Doce, na medida.
De uma talagada, comi TODOS.

Tomás destruiu os chocolatinhos e biscuits que vieram junto.  Japonesamente, eles tinham uma textura e um formato que faziam o menino gastar um tempão, olhando cada um, antes de jogar goela abaixo.

Não deu 5 minutos depois da chegada do correio, não sobrou nada pra contar a história.

Sabe aquele filme, “Nunca te vi, sempre te amei”?
Ando meio assim com Sakana.  Parece que a gente é amigo desde pequenininho...






domingo, 17 de abril de 2011

2 em 1 - 158



Márcia Cabrita é louca.  Deliciosa, ela chuta sempre o balde no blog dela.  É só você ensaiar um dozinho da gente e ela te solta uma voadora...

Tem dois post mais recentes no blog que eu acho um primor.  Um, com o sugestivo título de Como não encher o saco de alguém que está com câncer, que eu transcrevo abaixo:

“Acho que de uma vez por todas merecemos não ouvir mais:
- "Aquela doença"
- "A cura está na cabeça"
- "Vc deixou a doença entrar"
- "Câncer é tristeza"
- "Câncer é carma"
- "Somente o amor aos filhos, a alegria de viver, a fé e o pensamento positivo podem salvar"
- "Fulano perdeu a batalha contra o câncer"
- "Conheço alguém que se curou de câncer em estado terminal só tomando essa erva milagrosa"
- "Todos os efeitos colaterais são "o de menos"

O que merecemos ouvir:
- "Posso te ajudar?"
- "Rezo por vc e sei que vai ficar boa"
- "A medicina evolui a cada dia."
- "Isso vai passar"
- "Ficar careca é ruim sim, comprei um lenço lindo pra vc, quer experimentar?"
- "Só liguei para vc saber que estou pensando em vc"
- "Eu te amo"
Se vc for muito rico:
- "Posso pagar a cirurgia'
Se vc for médio rico:
- "Posso pagar próxima consulta"
Se vc for pobre:
- "Trouxe esse pirulito"


O outro chama Verruga.  Corre lá.  Acho que já falei dele aqui.  É sobre a alegria que a gente se descobre por ter doencinha boba.

Bom é que, tanto eu quanto ela, estamos livres da presença de tumor.  Ela, mais recente.  Eu, desde final de agosto de 2010, quando publiquei “I’m impressed que foi o que o Xande, meu personal urologist, falou quando viu a tomografia.

Postei isto hoje porque você acredita que, até hoje, tem neguinho que está sem coragem de me ver?
 
Da próxima, eu entrego os nomes...
 
 
 
ps:  de vez em quando, alguém dê uma lidinha na edição extraordinária 21 que aparece entre as dez mais, que eu tenho o maior carinho por ela e não quero que saia dessa lista...


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Fácil nunca foi - 157



Denilson tem dois filhos adolescentes, Fernandinho e o Lucca.  Isto faz com que, de longe, dos amigos dos meninos, ele seja o que mais eu gosto de conversar sobre a experiência de ajudar filho a alçar vôo próprio.

Grafitteiro, desde a época que o nome do ofício era pixador, Denis conseguiu imprimir no DNA dos dois filhos a marca do seu talento para as artes gráficas.  Os dois saíram ao pai.[1]

No sábado, o pau quebrando, os meninos chegam no Meu Sítio com um presente dele pra mim e Dona Gêisa, pelos 35 anos.  Uma tela, maravilhosa, com um casal abraçado.  Tomás, no ato, se intrometeu na conversa:
-  É você, vovô?

Era.  Eu e a vovó.  Eu, claro, caí no choro, pensando em cada momento que a gente viveu juntos.
Sarcástica, Lisa perguntou:
-  Quer que devolve, pai?

Precisa só fazer uma correção na tela, Denilson.  Tem sido muito fácil, este tempo.
Todo tropeço meu, ou com Gêisa ou com os meninos (e agora com o Tomás) vira sempre combustível pra corrigir a rota.

E eu sempre tive isto na minha vida.  Quando dá certo no final eu nem dou bola pros percalços.
Já, pra Dona Gêisa, não garanto a mesma percepção.

É que eu sou chato pra encardir...



ps:  Deus é pai.  Acabei de receber a foto do quadro, de responsabilidade do autor.



[1]  Imagina o pai do Denis, doido pra ver o filho formar em alguma coisa séria e o menino vira pixador.
Aí, o pai pensa:  vamos ver se pelo menos eu salvo meus dois netos.
E os dois, pixadores de primeira.
Pai sofre, bacana...
No duro, uma vez eu morri de rir, conversando isto com ele.

Rapidinhas 7 - Precursoria



A idéia foi da Clarissa, com a gente saindo do Espaço Cultural CentoeQuatro, depois da caminhada da Praça da Estação.

Sábado, dia 16, nós vamos fazer um reconhecimento de terreno.  A idéia é conhecer a gafieira do 104 e estudar em que condições a gente pode fazer um ciclo NefroDancers pra nós.  A entrada é R$ 12,00.
Quem puder participar dos debates, aparece lá neste sábado, a partir das 21:00.  Fica naquele prédio do lado da Praça da Estação.  Tem gente pra te acompanhar até o estacionamento.

A vantagem é que, mesmo se a gente não se encontrar naquele tumulto, vai ser bom pra danar.

Aí, se tudo der certo, a gente começa a nefrodançar.  Já vou avisando:  eu danço, mas tenho que parar a cada meia música, pra recuperar o fôlego.

E atenção Paulinho Munguba e Marcelo Xavier: lá vocês têm tapete vermelho, meninos!


terça-feira, 12 de abril de 2011

Edição Extraordinária 60 - Povo Doido!


Até na quinta feira a gente tinha armado que seria um jantar só nosso, no restaurante da Águas do Treme.  Mas foi dando uma coceira nos meninos e a coisa não podia terminar simples assim...
Foi aí que o bicho pegou com força.

No meio da manhã de sexta, Diogo conversa com as meninas, toma coragem e deixa um recado na secretária eletrônica, avisando a mãe que tinha convidado umas pessoas.  Preocupada, ela sentiu cheiro de roubada no ar.
-  Como assim?

A pergunta é crítica, considerando que só na minha família o círculo íntimo, só de filhos e netos, são umas 50 pessoas.  Na da mãe dos meninos, dá outro monte.  Os meninos sabiam que estavam mexendo em um vespeiro.
Audaz, Diogo assumiu as negociações:
-  Pros 350
pra quem eu mandava notícias da evolução do papai!
Mas o tempo fechou mesmo quando Diogo, achando que ia melhorar as coisas, completou:
-  Mas eu pedi pra cada um levar uma cervejinha e um pedaço de carne.
Quem estivesse assistindo a cena, não pagava um centavo pela vida de qualquer dos envolvidos na discussão.
 
Mas fazer o que?  Serenados os ânimos, lá fomos nós preparar o checklist pra domar a fera.

Aí os meninos brilharam.  Sábado de manhã, todo mundo no Meu Sítio  (Fazenda, vovô![1]) e começa a função.  Limpar piscina, dar comida pros animais, varrer tudo...
Lisa, produção, sentou com caneta e papel na mão e começou o briefing:
-  O que você quer que seja feito pra não ficar preocupada?
E a mãe listando coisa que nem eu nos meus áureos tempos ia lembrar.  Compenetrado, Tomás também ia anotando tudo...
      

Resumo da ópera:  apareceu até sinalização para estacionamento. Banda sertaneja de primeira, com Haroldo e Gustavo.  Coisa phina!

      
O Meu Sítio nunca recebeu tanta gente assim.  E nunca foi tão divertido também. 



No final, eu fiquei o tempo todo brigando com os meninos:
-  Chamou tal pessoa?  E esta?  E esta?[2]
E os meninos resmungando, rindo, entre os dentes[3]: 
-  Vai entender...

Crédito da foto do pôr do sol:  Cris Furtini.  As outras, não faço a menor idéia...







[1]  Tomás não cansa disto até hoje...

[2]  Claro que seu nome estava neste meio...

[3] Baixinho, mas alto o suficiente pra que eu ouvisse







domingo, 10 de abril de 2011

Edição Extraordinária 59 - 35 anos



Uma hora destas, há exatos 35 anos atrás, eu estava, do alto do primeiro lance do altar da Igreja do Carmo, olhando pra Gêisa entrando com o pai dela pelo corredor principal.  Tenho a figura dela na minha cabeça e, até hoje, nunca encontrei mulher tão completa como ela tem sido pra mim ao longo desses anos. 
É bem verdade que eu também era um bofe e tanto.

De lá pra cá, nós temos mudado muito.  Eu não sou mais, definitivamente, a pessoa com quem Gêisa casou e ela, menos ainda, a mulher com quem eu casei.  Mas nesse tempo todo em que a gente foi mudando, em nenhum momento Gêisa deixou de ser a minha relação privilegiada, a pessoa com quem eu tenho certeza que quero dividir meu percurso.

Fico sempre pensando em um costume chinês que recomenda que o amante distinga a amada com uma aliança de três pedras, simbolizando o passado, o presente e o futuro.
O passado a gente não muda.  É o percurso que a gente construiu junto e que nos habilita viver o presente.  E, pelo presente, a gente sonha o futuro que quer correr atrás.

Hoje, no Meu Sítio, fiquei pensando numa história do livro “As palavras andantes”, que eu já falei aqui nest’A Saga.  É o relato de um peão que amou uma estrela de maneira tão intensa que provocava grandes turbulências no reino dos céus.

Diz o relato que “  ...O sol e a lua teriam advertido a estrela que devia procurar outra galáxia onde viver com o intruso.  Daquele jeito não podiam continuar: em cada briga conjugal, o homem envelhecia cem anos e ela ficava na mais completa escuridão.  É verdade que depois, quando os dois se perdoavam da estupidez de se odiar, ele recuperava o século gasto e ela multiplicava seu esplendor;  mas a paz do firmamento não podia se permitir aquele tipo de sobressalto.  ...”[1]

Isto é o que me fascina quando penso no futuro.  É a possibilidade de a gente estar sempre reelaborando nossa história sem a necessidade do sobressalto sobrepor-se sobre o aprendizado do perdão da estupidez de se odiar.

Nesses 35 anos, eu nunca me arrependi, nem por uma vez, de ter escolhido esta mulher como minha companheira.[2]





[1] in “História do homem que nas alturas do céu amou uma estrela e foi por ela abandonado”.

[2] Uma vez eu falei com Ciça que se ela algum dia me encontrasse com outra mulher era porque, seguramente, eu tentava encontrar nesta outra mulher alguma coisa que não me foi desvelada do que eu sabia ter em Gêisa.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rapidinhas 06 - Bolas, Larry e Sergey ...


Larry Page e Sergey Brin conspiram contra mim[1].  Fato![2]
Cuca, meu irmão, e Tiago, do Haja Muuito Saco, ficam toda hora vendo se eu exagero nest’A Saga, digamos assim, pra expor minhas chagas em público.
Mas olha se não é pra derrubar minha reputação?


Mesmo dia, 3 minutos de diferença, um fala que o blog teve 23.532 visualizações e outro que eu, mal e mal, acabei de chegar em 20.000.


Tudo bem.  Eu nunca reclamei de você me chamar de mentiroso.  Mas agora, fiquei uma onça...
Mesmo dia, quase a mesma hora, ...  E esse papelão!

Francamente, Srs. Larry Page e Sergey Brin.  Francamente...



[1] Os caras que criaram o Google que, claro, você está cansado de saber.

[2] Como adora dizer a Louise Debrot, minha linda!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

SuperBonder - 156



Acho que um dia depois que eu contava a história do aderido pra você, a Glaucienne, minha personal nutricionist, fez uma tentativa de sensibilizar meus colegas da hemo pras vantagens de se seguir a dieta recomendada.

Reativo, o povo fez o esforço dela se transformar num redundante fracasso.  Qualquer coisa que ela falava era recebida com deboche. 
Ela falava do bacalhau dessalgado, o povo retrucava falando que bacalhau era essencial na Semana Santa.  Ela falava que bacon era um veneno pelos produtos químicos adicionados no processo de defumação e o povo respondia que detestava feijoada sem bacon.

Curiosamente, um dia depois que eu contava a história do aderido pra você, Carol Rausch, minha linda, contava no blog dela o esforço que ela tinha feito pra emagrecer.
Carol, na época de faculdade, era um dos mais phinos pitéuzinhos que aquela PUC já tinha produzido.  Tanto que, ligeiro no gatilho, Dengoso caiu matando.
Mas por alguma razão que não é da sua conta nem da minha, Carol engordou baldes em 2000 e poucos.  Mas baldes mesmo.  Caixas dáguas.

Vai daí que ela participou do reality-show do GNT e emagreceu horrores maravilhas.  E postou no blog um comentário que serve pra nós todos, hoje e sempre.  Aliás, o blog dela é uma delícia.  Parece a dona.  Olha que maravilha:
 

Foi uma rotina militar para conseguir emagrecer, já disse, emagrecer não é fácil. E acho muita graça quando alguém que quer emagrecer coloca um monte de oposições contra a estrutura da dieta, de qualquer dieta no caso. Um exemplo foi esse diálogo real que tive com uma colega acima do peso:
“ ..Tem muita gente perguntando sobre minha dieta. Bom, eu tive três fases durante as 10 semanas. Na primeira está no site do GNT (aqui), na segunda o carboitrato foi cortado ainda mais, só comia uma fatia de pão integral de 35kcal pela manhã. Na terceira etapa, nadica de nada de carboidrato. De forma gradual o meu organismo foi se adaptando cada vez mais com pouca comida.
- O que vc come de manhã?
- 1 fatia de pão integral 35 kcal com requeijão light e copo de café ou suco zero.
- Nossa, detesto pão integral. E no meio da manhã?
- Três damascos ou…
- Credo, ODEIO damasco!
- Ou uma fruta.  Depois mais uma fruta ou uma bananinha* sem açucar ou uma barra de cereal.
- Já enjoei de barrinha de cereal. E no almoço?
- Salada sem sal e azeite com carne grelhada.
- Ah, eu não consigo ficar sem arroz e feijão, não abro mão!
Aí eu perdi a paciência. Disse que não existe dieta sem sacrifício e que se a gente continuar comendo as mesmas coisas vai continuar do mesmo jeito. Milagre não existe! Eu AMO arroz e feijão, amo pão com manteiga, amo chocolate. Mas comer isso da forma que comia me levou a um grau da obesidade mórbida. Experimentar novos sabores, acrescentar novos alimentos e retirar outros fazem parte de um plano alimentar que vai MUDAR o seu corpo. O acompanhamento de um nutricionista é fundamental para que ele te guie nas opções que sejam boas e certas para você. O que não pode é continuar com a cabeça de gordo! A gente, como aprendi com Lincoln, tem que sair da linha de conforto para atingir um resultado. Não tem milagre meu povo! Quer dizer, tem sim, o milagre é a gente acordar domingo de manhã para malhar (olha aí na foto), dizer não para a sobremesa e ter prazer em comer tâmaras secas no meio da tarde! Pequenos milagres que a gente faz para a gente mesmo que mudam uma vida!...”

O resultado é este, aqui em baixo.



Vê aí.  Ou você adere de verdade aos projetos que são importantes na sua vida ou fica brincando de “nada dá certo comigo..."
   
Para mim e pra Carol a coisa é séria.  Se você não vier, nós vamos... 

terça-feira, 5 de abril de 2011

O bonde do Tomás - 155



Parecia que o Clic ia mudar para o Meu Sítio.  A gente convidou os coleguinhas do Tomás para uma quebradeira e o Chico, o Lucca e a Bia, três dos melhores amigos dele, toparam.
E ainda faltou o Pedro e a Nina e o João e o Lucas e a Julie e a ...

Na sexta feira, eu, Diogo e Carol despencamos pro Meu Sítio pra deixar as coisas todas em ponto de bala.  Chegando lá, fruto da virada térmica eu acho, a piscina estava que era pura alga.  
Verdinha, verdinha...  Um desastre.
Ainda bem que a gente foi na sexta.  E toca a jogar cloro, algicida, tudo pra receber a tchurma com tapete vermelho, comme il fallait.

No sábado, quando o sol mal tinha nascido, um friozinho gostoso de pós-chuva de outono, Tomás bate no quarto do Diogo:
-  Pai, eles ainda não chegaram!
Uma ansiedade só. O dia não passava.  Qualquer barulhinho de carro fazia Tomás correr pra porta, imaginando os amigos que poderiam chegar a qualquer hora.
Acho que nesse dia Tomás entendeu o que quer dizer eternidade.  Os meninos devem ter chegado intermináveis par de horas depois do café...  Uma vida mais tarde.

Mas aí foi uma festa.  Pais e mães cheios de mesuras e Tomás e os amigos correndo pela casa, incansáveis.  Não pararam um minuto.

Apesar das fotos servirem como um depoimento relevante a meu favor[1], o timming da visita foi um fracasso.  Olha pra você ver: 

1.  Os pais do Lucca tinham que voltar no domingo de manhã.  A gente nadou na piscina com um verde clarinho o sábado todo.  No domingo de manhã, ela estava trincando de linda.  Eles aproveitaram pouco mais de meia hora.


2.  O sábado, muito excitados com a visita, foi reservado só pra correria.  Quando finalmente chegou a hora de passear com os cavalos, chegou junto a hora de mamãe e papai quererem voltar pra BH.  Os meninos, claro, ficaram tristinhos.
3.  Sem contar que, na véspera, a sauna acabou sendo ligada mais tarde e só ficou boa mesmo, quando o jantar começou a ser servido.

Único timming que deu certo[2]:  a Bia, a rainha do coração dos três amigos, só pode ir no domingo.  Como resultado, Tomás reinou absoluto no pedaço.


E o engraçado da história é como esse mundo é mesmo uma azeitona.  Acho até que conto esta história, qualquer dia.
Ocorre que o bisavô da Bia, o velho Odilon Behrens[3], era muito tímido.  Não tinha coragem de pedir ao sogro pra namorar com a filha dele.  Pra encurtar a história, não fosse vovô Cantídio ter assumido pra si a responsabilidade, nem a Bia nem a mãe da Bia existiriam, se é que você me entende.  Foi vovô quem escreveu a carta ao sogro em potencial, pedindo a mão, em nome do amigo.
Virou uma farra.  Luciana, mãe da Bia, ria, emocionada, todo mundo gritando, uma festa só.

Nós nunca rimos tanto no final de semana.
Menos Tomás, que, como você já viu antes aqui n’A Saga, ficava triste e chorava quando os amigos iam embora.

Tomás já quer promover um segundo evento, mas sem faltar ninguém desta vez.  
Aí sim, vocês vão ver o que é um bonde profissa de verdade...



[1]  É que eu sou o Diretor de Entretenimento e Lazer da Meu Sítio Inc.

[2]   Do ponto de vista do Tomás, claro.

[3]   Ele mesmo, o hospital em pessoa.
 
  
ps:  Só vi agora.  De tão feliz, Tomás recebeu a Bia de cueca.
Né folgado não, viu, eu quem sou... !!!

domingo, 3 de abril de 2011

Durex - 154



Outro dia, ZéAugusto, meu personal nephrologist, me apareceu com uma pérola.  Falou com Dona Gêisa que eu era muito aderido ao tratamento.  Entender, eu até entendi o sentido.  Mas nunca tinha ouvido a palavra com no contexto que o Zé colocou.

Prefiro chamar de disciplinado.  Mas, interna corporis, eu e Gêisa só conversamos sobre as recomendações do tratamento terminando, de sacanagem, com os parabéns pra mim:
-  Muito aderido você, arremata ela.

Eu costumo pegar as recomendações do povo do Núcleo e fico até meio radical, de tão chato.  Por exemplo, eu adoro(ava) chocolate.  Desde a operação, no dia 1º de setembro de 2009, nunca mais coloquei nada de chocolate na boca.  Nem um pedacinho.
Quer outro: cortar sal na comida.  Por mim, corto tudo, com força.  Fico até com a sensação do tomate, pra mim, ter virado fruta, de tão doce.

Mas não fico chiita, histérico.  Indo comer fora e só tendo comida temperada, paciência.  Evito, mas até como.  Bem verdade que já estou com medo da Semana Santa por causa do bacalhau.
Sei que não vou comer.  E nem fazer as mutretas de dizer que este bacalhau aqui é dessalgado.  
Tô fora!

O que eu acho legal de ter ficado aderido (sic) é que a coisa não é nenhum drama pra mim.  Fico sem comer na boa.  O ruim é que o povo acha que eu fico diante de uma crise existencial e se desdobra, desnecessariamente, em mil preocupações sobre o que vai me dar de comer.

Eu, querendo passar desapercebido, e você, insistindo, me perguntando se isto pode?, e falando que tem mais isto e mais aquilo, se eu quero que faça bláblá?... 
Fico na maior falta de graça.

O aderido do ZéAugusto é meio que um atestado que eu fico orgulhoso de ter recebido.  E você, pode relaxar.  Eu só vou comer o que eu poder.  Quando precisa, eu saio da regra mas compenso imediatamente.  Sem stress.  Com a convicção de um aderido autêntico.

Afinal, com esta cobertura toda, não vai me fazer tão mal assim ficar uma ou duas refeições fora do esquema...