quarta-feira, 30 de março de 2011

Panelaço - 153



Na minha família, a gente é doido com celebração.  Qualquer coisa pra nós é motivo...

Uma vez a gente fez uma festa memorável, quando Gêisa tinha uma escola, o Ponto de Partida.  A idéia era juntar os parentes todos aqui de Belo Horizonte pra que as próximas gerações se conhecem.  Fizemos a festa no pátio da escolinha.

Foi o maior sucesso.  Principalmente por causa de duas regras essenciais, que viraram meio que um parâmetro na minha vida.
A primeira:  você podia trazer quem quisesse,  lembrando apenas que você tinha que trazer tudo que fosse necessário pra você e seus convidados.  A comida que ia comer, o prato pra se servir, o copo que ia beber, o talher, etc...
A organização foi típica da minha família. Cada um levava uma coisa.  Só que, muito engraçadinhos que nós somos, a gente combinava: eu levo arroz e você leva feijão.  Chegava na hora, você trazia melancia, no lugar do feijão.  Todo mundo punha o que tinha trazido em uma grande mesa e a gente morria de rir...


A segunda regra, a que eu gosto mais:  o responsável por qualquer assunto é o primeiro que tocasse nele.
-  Aqui tá meio sujo...
OK.  Pegue uma vassoura e comece a limpar.
-  O gelo acabou!
Ótimo.  Corre lá e compra gelo pra nós.
E o subproduto desta regra é que você só pode discordar da proposta se oferecer alternativa melhor.  Neguinho falava: disto eu não gosto.  Todo mundo já olhava, esperando a contraproposta.

Lembrei disto porque o povo nosso de Governador está começando a se movimentar pra fazer uma festa da família.  Como nós estamos querendo chamar os descendentes todos, comecei a contar.  Só “as meninas da Maricas[1]” são doze.  Na casa da mamãe, só de filhos, companheiros e sobrinhos a gente chega a 41 pessoas.  Se essas regras não entrarem em ação, minha experiência me diz que vai dar problemas.

Ôs regrinhas que são um antídoto maravilhoso pra quem gosta de terceirizar responsabilidade...



[1] Fernando, irmão da mamãe, tem ódio quando a gente fala das meninas da Maricas.  Já foi convidado pra um festão pras “meninas da Maricas” e, pirracento, não foi.  Ele acha que tinham que falar as meninas da Maricas e o menino.  Se não for assim, ele nem considera...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Edição Extraordinária 58 - Fragilidade


Viemos todos ao mundo com a etiqueta “frágil”.
É assim que Jean-Claude Carrièrre começa o livro Fragilidade.  Desde o começo do meu percurso, esse livro sempre me impressionou muito.  Acho mesmo que boa parte da forma que eu encaixei meu susto foi por causa do livro.

Hoje lá em casa, no almoço, Tomás contou pra gente o que aconteceu com ele.  Falava orgulhoso, abrindo as duas mãos:
-  10 pontos!  Doeu...!!!
Na hora de contar, foi muito engraçado.  Ele ria.  E brincava de Saci Pererê, pulando em um pé só, pela casa.
Depois. 
Na hora, um nada destrói a gente.
Mas o dia inteiro, fiquei com o coração rachado, só pensando o que o menino sofreu.  Tive que sair duas vezes da mesa, pra ele não me ver chorando.

Contado agora, não aconteceu nada, bobagem.  Principalmente ouvindo da boca do Tomás, rindo de tudo.
Mas o grande conceito da fragilidade é este.  Um nada, e tudo rui por água abaixo.

Fiquei lembrando do Valentim, filho do Valente, que, agora, dominou a situação lá em Paris.  Mas deixou a gente, por uns bons quatro meses, com o coração apertado, quando falei dele no post CRIAS.  Hoje a gente respira aliviado.  Mas, durante, a fragilidade nossa era completa.
Agora eu já ando louco pra levar Valentim e o pai dele, junto com o Tomás, pra assistir um jogo do Galo.

O sentimento da celebração, pra mim, trás embutido em si a perspectiva da derrota.  E, enquanto ela não aparece, a gente quer mais é usufruir...

Fiquei pensando nisto, a cada momento que eu me lembrava do susto que Valentim nos passou e do susto de ontem, que hoje fazia Tomás contar como se fosse uma coisa ruim que acontecera há muito tempo atrás...

Carol fala que metade disto era só sangue sujo.
Mas cadê que eu acredito...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Edição Extraordinária 57 - VII NefroWalker


A I Volta da Praça da Estação foi, de longe, a maior supresa das NefroWalkers todas.  Eu, e senti a mesma percepção em todo mundo, nem de longe imaginava a riqueza escondida no Museu de Artes e Ofícios.  Até falei com Diana, minha personal social assistant lá do Núcleo, pra trazer o povo aqui qualquer dia.

Nunca na história deste país a gente andou tanto quanto neste passeio.  Terminei exausto.  E olha que, agora, eu diria que a gente conheceu o MAO muito mal[1] e porcamente.  Só pra fazer a visita virtual, gastei minha tarde inteira.  Mas gostei até.

O que eu gosto mais destas caminhadas são as surpresas.  Aparecem figuras que há tempos prometem que vinham e dão fragoroso cano.  Nesta, ao contrário, gente que garantiu que vinha, furou.  Mas gente que eu jurava que não daria nem notícia, marcou presença.  Betch e Beth, Sandra, Ana Lucia, Pollyanne, Júlio e Déborah, vivem prometendo e nada.
Pois é.  Apareceram...


Fatinha, do MAO, apresentou-se britanicamente às 20:00.
O passeio já tinha começado e uns retardatários que não acreditaram no meu aviso foram se juntando ao grupo.
Lá dentro, a dificuldade da nossa guia era manter o grupo junto.
Até porque a quarta à noite é um horário especial.  Como é de graça, o pessoal do Setor Educativo do MAO fica apresentando o museu para várias caravanas.
O mais bacana: caravana de trabalhadores, que sabem como ninguém o significado da palavra ofício.


A gente ficava igual aluno do ensino fundamental, não conseguindo prestar atenção na professora, no meio daquele tanto de estímulo.

O conceito do museu é fantástico.  São mais de 2.200 peças, tratadas do ponto de vista do ofício.  Pra falar do farmacêutico, mostrava uma butica antiga.  Pra falar do cozinheiro, tem uma quantidade de cozinhas, tachos de cobre pra fazer doce de goiaba, fornos com terra de formigueiro, genial.


Tudo com vídeos, multimídia e tecnologia de ponta que permite a gente se deter mais ou menos tempo em cada lugarzinho.


Aí, pode pensar em ofício da era pré-industrial que tem lá.
Vovó Cantídio começou a vida como tropeiro.  Tá lá.
Meus tios ricos todos lavraram a terra antes de dromir com o burro amarrado na sombra.  Tá lá.
Meus tempos de tecelão, na CedroCachoeira.  Tá lá.


No final da caminhada, mais uns 50 metros e nós fomos pro CENTOeQUATRO.  Duas surpresas pra fechar a noite.  Uma, encontramos Toninha, que está devendo a luxuosa presença desde a I NefroWalker.  E a segunda, Clarissa deu a sugestão pro que deve ser uma boa continuidade da nossa programação.  Vamos fazer uma NefroDancer, uma noite de gafieira no 104.  Já, já te dou mais notícia.




Fala sério, pra quem foi lá só pra caminhar, foi uma surpresa e tanto, não foi não?


ps:  Se eu fosse você, ficava de olho na programação do MAO.  Tem Ofício da Palavra, quando um escritor conversa com o público sobre seu trabalho.  Tem Ofício da Música, mesma coisa só que com musico.  Tem Valor Social, um curso de qualificação de jovens em Conservação.  Tem Ampliando Horizontes, só pro universo dos educadores.








[1] Foi mais forte que eu.  Não resisti ao trocadilho...





terça-feira, 22 de março de 2011

Pesquisa - 152


Odeio contar o final do filme já na ilustração.  Mas é só pra você ver que eu só ando com louco delirante...
Tem um volume da coleção do Valente em que ele foi conquistar não sei o que na África.  Em um outro que ele veio na América e ganhou de uma reca de índio cheyenne.
Pode?

Mas aí, no post de São José, Sakana-san aparece no comments, desesperada, pedindo desculpas pela invasão, querendo fazer uma pesquisa com o Tomás.  É que ela inventou de fazer Biologia enquanto espera o duplo transplante e tinha que pesquisar sobre preferência de animais de zoológico com crianças.

Como eu conheço Tomás como a palma da mão, respondi o questionário pro menino.
-  Pode cravar aí no hipopótamo, sem medo.  Eu garanto,  De segundo, o gorila, o Idi-Amin.
Diogo, mais comedido, chamou minha atenção e previu controvérsias.
-  Sei não, pai.  Pode ser o Leião[1].

Hoje Tomás apareceu pro almoço e resolvi aplicar o questionário direto no público alvo.  Pergunto pra ele o bicho que ele gostava mais, quando ia ao Jardim Zoológico.
Frenético, Tomasinho coloca o cotovelo no nariz, braço pra frente, e saiu gritando uóóóóóó, numa irretocável imitação de elefante.

Vai entender...



ps:  Não esquece que a VII NefroWalker – I Volta da Praça da Estação é hoje, quarta.  A última.
Depois de rodar pelo Museu de Artes e Ofícios, a gente vai esticar no 104, ouvindo um jazz com o Mauro Continentino.  
O Museu vai rolar de graça.  No 104 tem um couvert de 10,00




[1] Que nem ele fala...


 

sábado, 19 de março de 2011

Edição Extraordinária 56 - Dia dos Pais



Tá rolando o maior tititi por causa desta lua cheia de hoje.  
Tá bom.  Ela estará linda.
Mas pra mim, o fato importante de hoje é que é o Dia de São José.

Desde o começo dest’A Saga eu elegi São José como patrono deste meu percurso.  Acho a história dele encantadora e vale a pena você correr no post 08, lá no comecinho da história, onde eu conto minha visão da história.

Tem um livro do Leonardo Boff[1] que trata da questão de forma mais consistente do que a minha.  O que não chega a ser um trunfo vigoroso pró-Boff, diga-se de passagem.  O prefácio deste livro justifica minha paixão pelo componente delirante associado a São José.  É que, das 5 únicas vezes em que a palavra sonho aparece no Novo Testamento, quatro estão relacionadas a São José.
Devo ter puxado isto dele...

Daí então, desde o ano passado, tomei a decisão de comemorar o dia dos pais hoje.  A decisão ainda causou um certo transtorno aqui em casa, que demorou um pouquinho mais pra se reprogramar.  Mas minha idéia é, a cada ano, a coisa ir ficando mais bacana.  Quem sabe ano que vem a gente levanta uma bandeira lá no Meu Sítio?

Mais atenta, mamãe já armou missa pra mim e pra todos os pais.  Vou lá, com ela, dar uma rezadinha pra nós todos.


Em tempo:  hoje o pau está quebrando em Baependi com o aniversário do João Lara, meu irmão, que você conheceu nest’A Saga também.




 
[1] “São José, a personificação do pai”, que saiu pela Verus




quinta-feira, 17 de março de 2011

VII NefroWalker - Cultural até o caroço



Fechamos o ciclo com esta VII NefroWalker.  Desde o início, fazendo um contraponto com os escaladores de alto desempenho, a gente se propôs a fazer os 7 cumes para os deficientes renais.  Eleger 7 praças razoavelmente planas de Belo Horizonte, com um traçado vagabundamente curto, e, a cada mês, a gente ia cumprindo um desafio.

Começamos na Praça da Lagoa Seca do Belvedere, depois fomos na Praça JK, na Praça da Liberdade, na Praça da Barragem de Santa Lúcia, (eu dei o cano em janeiro, que ninguém é de ferro) na Praça Floriano Peixoto e, a mais esculhambada de todas, a Praça Duque de Caxias.  Nesta última vez, a gente nem caminhou.  Ficamos mais de samba e de Bolão.  Neste ciclo, apesar dos maus presságios de alguns pessimistas, não tivemos nenhuma chuva durante os eventos.

Com a lua cheia de março caindo justo no dia de São José, dia da enchente das goiabas, você não queria que a gente fosse desafiar a tradição a ponto de marcar a caminhada pro dia e esperar que não chovesse, como nas outras seis...  Queria?

O resultado, com a gente gostando cada vez mais de inventar moda, vai ser uma caminhada à prova dágua.

Mudamos a data para o dia 23, quarta-feira, mas ainda na Lua Cheia, e o Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação, vai ficar aberto pra nós.  Esse negócio de museu, sabe como é, eles são britânicos.  Fecham 21:00 na bucha.

Fatinha, da Comunicação do MAO, vai tentar armar uma visita guiada pra nós.  Imagino que pra uns 30.  O programa, então fica assim: 
19:00  -  encontro no Café do Museu[1].
20:00  -  a gente sai em visita, caminhando no Museu.
21:01  -  debandada pro CentoeQuatro[2], pra ouvir um jazz ou alguma coisa assim

Esta caminhada é a última mas vai deixar saudade...


EM TEMPO:  
tanto o Museu de Artes e Ofícios quanto o CentoeQuatro são equipados pra receber todo tipo de necessidades especiais[3].
Atenção Paulinho Monguba e Marcelo Xavier:  podem ir sem grilo




[1] O Café do Museu é coisa pra gente fina.  Sucos, salgadinhos, chás, essas coisas

[2] O CentoeQuatro é um centro cultural pra vagabundo boêmio.  É só cruzar a rua.  Tem cerveja, cachaça, torresmo, jazz, exposição, uma maravilha.  Pra vocês...

[3] Quero ver se eu me cagar todo, se eles entendem isto como necessidade especial...



quarta-feira, 16 de março de 2011

Edição Extraordinária 54 - Tu quoque, Brute?



Celinho Balona é meu irmão.  Foi ele que inventou a história da bateria pro Tomás e do meu dvd player, que você já viu aqui nest’A Saga. 
Agora ele inventou outra, mais grave, e chamou Xandão pra armar a arapuca direitinho...

A idéia era me entrevistar para eu falar sobre marketing, minha experiência, essas coisa.  Ora bolas, eu nunca escondi de você que muito do mito que Narciso construiu, aprendeu comigo.  
Eu caí igual um patinho.  Eu fiquei se achando ...

Tecnicamente, a idéia nem era tão complicada.  Xandão me fazia umas perguntas e ligava a câmera.  Claro, eu não admiti pra mim que era simples assim.  Roupinha nova, banhozinho tomado, produção de livro bacana displicentemente jogado sobre a mesa de fundo[1], tudo rolando na mais perfeita ordem.  Aí, eu ia me entusiasmando e danava a falar sobre marketing, sobre casos, dava exemplos, ...  Um pavão.

Mas acontece que, no meio da gravação, depois de eu ter delirado uma seqüência toda enjambradinha de elocubrações, me achando professor do Philip Kotler, Dona Gêisa chega em casa toda cheia de amor pra dar, trazendo tiragostinho e dizendo que ia preparar um cafezinho pra gente.
Cortou meu barato no meio.

Foi como atingir o pavão em pleno vôo.  Fui caindo lá de cima, em parafuso, até me espatifar no chão, com minhas plumas em frangalhos.

O canalha do câmera, que só cortava quando o diretor mandasse, continuou firme, fazendo seu trabalho.  O biltre do diretor, que se estourava, contendo o riso, deixava o pau quebrar.  Pra você, que pode entender pouco do assunto, no caso, tanto o diretor quanto o câmera eram uma pessoa só: Xandão, o vil.

E o resultado, tem umas três semanas que este post está pronto, esperando minha auto-imagem se recompor.
A única coisa que eu te peço é que você faça como Maurilo recomenda no Pastelzinho de ontem:  ria pelas costas...






[1]  Que nem aparecia, diga-se de passagem...

terça-feira, 15 de março de 2011

Edição Extraordinária 53 - Folia



Enquanto você ficava debaixo de chuva aqui em Belo Horizonte, o carnaval bombava no Meu Sítio.  O Woody estava sempre indo ao infinito e além.
Não teve um dia que não desse sol esturricante.  Claro, choveu todo dia.  Mas todo dia a gente tinha que se cobrir de filtro solar, que a coisa não estava pra brincadeira.  Você não iria acreditar, se eu te falasse.



E aí, era aquela rotina...
Mal o dia raiava, lá ia o Woody acordar o Diogo pra selar a Faísca e ele saia em missão.



E toda hora ele lembrava de um outro desenho, o Spirit, onde o comandante do 7º de Cavalaria só caia do cavalo na hora que soltava a rédea.  Foi o que bastou.  Isto virou referência pro caubói xonado.
Toda vez que a gente vê o filme, Tomás olha pra mim, dando de ombros:
-  Soltou a rédea, né Vovô...
Hoje eu tenho claro que, se Tomás cair do cavalo algum dia, leva com ele a rédea.
Não solta nem a poder de reza...



E foi assim que a gente passou o carnaval todo.
Sol, piscina.
Chovia, carteado e churrasquinho.
Só que tinha hora que o mexe-mexe estava pegando mais fogo que o churrasco e a gente acabava deixando o sol de lado...



O resultado é que, no final do dia, não tinha a menor  chance de ver desfile de escola de samba.  Antes da novela, nosso herói já estava capotado, se preparando pra rotina de conquistar galáxias pelo infinito.  E além [1], desnecessário dizer...



E pra completar a festa, Carol flagrou nossos costumeiros visitantes que nunca tinham sido pegos em flagrante tão descarado.
Tem um grupo de mais ou menos doze tucanos que sempre estão rodando pela casa.


Podem ficar, tucanos, a casa é de vocês...



[1]  Se você não entendeu, tem que ver Toy Story.  O 1 e o 2.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Rapidinhas 5


Diogo ficou sabendo, uns dias antes do Carnaval, que Ramon e Sérgio andaram mexendo uns pauzinhos pra que meu Sutent me fosse garantido, quando a barra esteve pesadíssima.

Mesmo sabendo disto só agora, que eu já não preciso mais, sou eternamente grato pela prontidão e pelo esforço deles, que fizeram tudo na maior discrição do mundo, sem nem me comunicar que estavam mexendo.  Tudo na maior surdina.

Agora, você é quem vai ficar curioso, querendo saber quem é esse Ramon e esse Sérgio.  Fica tudo na moita também.

Valeu, meninos!!!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Edição Extraordinária 52 - Fantasia



O Carnaval tinha começado mal.  Carol varara madrugada pra fazer a fantasia para a festa do Clic, cujo tema era o Boi do Maranhão.  Tomás nem considerou.  Achou aquelas fitas todas muito esquisito e preferiu ir com a velha e boa máscara do Batman, que você conhece do post 117, quando fui objeto de uma traição feia.

Mas Tomás enlouqueceu mesmo foi na véspera do Carnaval.  Vovó Magda, mãe da Carol, num golpe baixo imperdoável, deixou eu e o Vovô Paulo vendidos.  Comprou uma fantasia do Woody.
Eu fico remoendo meu ciúme.  Mas Carol falou que o Paulo, pai dela, está sem conversar com a Magda.  Nós três, isolada e conflituosamente, queríamos ter tido o privilégio de ver a cara dele com a fantasia.  Magda ganhou.  Eu e Paulo dançamos feio...

Passei o Carnaval todo procurando uma fantasia do Buzz, tamanho extragrande, pra ver se eu conseguia, de alguma forma, fazer dupla com o Tomás.
Aí, pra puxar assunto, toda hora eu chamava Tomás de Woody.  Mó fracasso. Tomás fechava a cara e respondia pra mim:
-  Vô, eu sou Tomás.  Isto aqui é fantasia!!!

Eu lá, sem entender, que hora que o menino colocava o Mode Delírio On e que hora valia o real.
Ele vai acabar me enlouquecendo.  Transita de um lado pro outro com a maior facilidade.  Ao mesmo tempo que me passa esse sabão, fica conversando com os soldadinhos, enquanto a gente assistia o Toy Story 1 e 2.

Cada dia fico mais certo que minha flexibilidade está indo pro espaço.  Ou, pelo menos, que eu ainda tenho muito a aprender com este menino, gente...


ps:  Com a dica do Leo Shikida nos comentários, eu ia ficar mais ou menos assim:


sexta-feira, 4 de março de 2011

Aval - 151



Outro dia, quando eu andava falando do meu lado delirante[1] e o tanto que minhas referências me ajudam, Leo, meu mestre zen, indicou um livro fantástico, do Eduardo Galeano, chamado As palavras andantes[2].

Comprei o livro.  E é tão apaixonante que já comprei mais dois[3].  Aproveito esses dias de Carnaval, quando eu fico enfurnado no Meu Sítio, pra terminar de ler.

Mas o livro me fez lembrar de um post com uma história do Ariano Suassuna sobre meu lado mentiroso[4].  Mentira do bem, vamos deixar bem claro.
Logo de cara, ele começa com uma versão fantástica sobre São José cortejando Maria.  Encantadora. Quase uma oração. 

Diz o Galeano, na “História da justiceira e do arcanjo no palácio das pecadoras”:
“...  Creia em mim quando lhe garanto que não se necessita ser um gênio pra cozinhar uma boa história com todos os ingredientes que estou dando-lhe de presente. ...”
Mais na frente, o personagem incentiva a gente a mentir garantindo que “... um escritor deveria saber que numa narração verossímil, o tudo está no que parece nada. ...”  Quer dizer, ou a gente se esmera no detalhe, ou a mentira não tem um pingo de credibilidade.  Fala se com um aval desse não dá uma vontade interminável de contar histórias inacreditáveis?

E o personagem fecha o desafio pedindo ao interlocutor:  “... Por favor, estou rogando, não me ofenda perguntando se esta história aconteceu.  Eu estou oferecendo-a para que o senhor faça dela o que melhor lhe aprouver.  Não lhe peço que o senhor descreva a chuva daquela noite da visitação do arcanjo:  exijo que o senhor me molhe.  Decida-se, senhor escritor, e pelo menos uma vez seja a flor que perfuma em vez de ser o cronista do aroma.  Escrever o que se vive é coisa de pouca ou nenhuma graça.  O desafio está em viver o que se escreve; e na sua idade já vai sendo hora de que o senhor fique sabendo. ...”

Colocando os pingos nos i’s:  Daqui pra frente, vou tomar como uma ofensa pessoal você dizer que qualquer coisa, repito[5], qualquer coisa que você ver contada nest’A Saga é mentira.

E fecho aqui igual Eduardo Galeano fecha a história:
Aceite o cordial abraço da

                                               (assinatura ilegível) 



[1] No post 149, dos Sonhos

[2] Saiu pela LP&M

[3] Deve virar meu presente oficial de dia de aniversário de amigo por um bom tempo...

[4] Onde eu falava que estava perdoado por mentir tanto.

[5] Obrigado, Leo Gomes

quarta-feira, 2 de março de 2011

A luta continua - 150



Fiquei na dúvida se você ia ler este post.
É que ele foi originalmente escrito pra fechar a edição destes lero-leros do blog em um livro.
Brincando, brincando, já é o segundo volume que a gente reuniu.
Que, claro, você não vai encontrar em livrarias porque eu produzo o livro em gráfica rápida só pra eu fazer sucesso com a mamãe e para distribuir para pacientes de clínicas renais.

Marcelo Xavier, meu irmão, fala que eu sou doido, pelos riscos de direito autoral.  Mas, pra minha defesa, eu tenho o fato de não ser exatamente um livro.  É mais um xérox, metido a besta.  Por isto, o livro não é vendido[1].  Só dado, pra quem, de alguma forma, pode, ao ler,  enxergar possibilidades de conviver melhor com as dificuldades.

Eu só acho uma pena porque no livro quem lê não tem acesso às trocas que quem segue o blog faz comigo.
Mesmo lendo o livro, ainda vale a pena sempre acompanhar A Saga de Valente na web.

Conforme você viu aqui, como a busca da cura está dando certo, este volume está uma abobrinha só.  Graças a Deus, não tenho mesmo muita coisa pra falar sobre doença.

Tomara que continue assim nas próximas histórias.



[1]  Sem mencionar, por narcisismo, a qualidade editorial rasteira.