sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sonhos II O retorno - 149



O comentário do Léo no post anterior, dos Sonhos, me fez lembrar o dia da minha primeira consulta, quando Xande, meu personal urologist, me deu a notícia do tumor e que eu precisaria me operar, imediatamente, pra tirar o único rim bom que eu tinha.

Fiquei meio sem chão.

Numa situação destas, a primeira coisa que veio à mente foi: 
-  Vou morrer! 
Ponto final.
E aí começou um turbilhão na minha cabeça, tudo rolando a mil, minha vida toda passando e eu pensando nas coisas que eu ainda tinha pra fazer e que não tinha feito.  Eu lá, ouvindo tudo e me fingindo mais de inocente que a mulata assanhada.

Mas imediatamente depois, coisa de milésimos de segundos, veio uma segunda coisa na minha cabeça: 
-  Não vou morrer nem por um cacete!

A partir deste momento, foi só uma coisa boa atrás da outra.  Meio que sem eu me dar conta.  Eu aprendi a colocar foco naquilo que vale a pena.  A dar valor pras coisas que são de fato relevantes.  E a entender que não há nada que, efetivamente, provoque o fim do mundo.  Na minha cabeça, o ponto da virada foi aí. 

Minha bagagem, a partir de então, tem só crescido.  Mas está cada vez mais valiosa e fácil de trazer comigo.

Acho que depois disto tudo, ando bem em paz com minha companhia. 
Sonhando, despreocupado com o que eu não fiz[1]. 
Achando muito bom pelo que ainda posso fazer. 
Fazendo todo dia virar um motivo de celebração.

E entendendo, como diz o Zé Alencar, que vai ser tudo, sempre, como Deus quiser



[1]  Não deve ter dado, ou fui eu que não consegui.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sonhos - 148



Esta semana eu andei ganhando de presente umas oportunidades boas pra refletir um bocado.
Primeiro foi Maurilo, que contou uma história no blog sobre dois náufragos, no meio do mar, que viram um barco lááááá longe e um falou pro outro:
- Aguente firme e não perca o barco de vista. É só o que dá pra fazer.

Depois foi no blog da Márcia Cabrita, quando ela põe as coisas no seu devido lugar e fala da felicidade de ter labirintite, depois de estar buscando a cura pra um câncer que andava querendo tirar ela, definitivamente, dos palcos.  Márcia brinca, falando do quanto deve ser bom ter 40º de febre.  Na roça a gente fala: 
-  O que é um peido pra quem já está todo cagado...

Depois foi Binha, que eu redescobri dia destes no mais absoluto acaso quando eu anda pirulitando por aí, que me mandou um vídeo[1] sobre uns velhinhos, no final da vida, que tinham tudo pra ficar em casa, reclamando das coisas, e resolveram chutar o balde.

Acho que estas três histórias falam sobre sonhos, que, no final das contas, é o que nos mantem a todos, você e eu, vivos e cheios de vontade de ver amanhã chegando.
 


[1] Acho que é propaganda de um banco.  Se eu fosse só um dedinho mais competente nessas mágicas de computador, tirava a assinatura e o vídeo virava uma poesia.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Edição Extraordinária 51 - Exibido



A primeira coisa que a gente fez no Meu Sítio, quando a casa ainda estava em construção, foi a piscina.  Lembro que, vez por outra, a gente encontrava, dentro dágua, um pedacinho de tijolo ou algum resto de construção que tinha escapado das mãos hábeis do Teteu, nosso mestre de obras.

Quando Tomás foi crescendo, a piscina virou o maior motivo de preocupação.  Ele chegava perto e já vinha alguém, assustado.  Só pode ir perto da piscina com gente grande, gritava o Diogo. 
Aí um dia o menino resolveu peitar o pai:
-  Mas eu já sou grande, uai...!?
Tava na hora do menino ir pra aula de natação.

Com o negócio da gente provocar ele no Meu Sítio, Tomás acabou desenvolvendo rápido.  Parece um golfinho na piscina.
Diogo morre de medo, do tanto que ele anda atrevidol
É que ele fica na água no Meu Sítio e no Olímpico.  O tempo todo.

Só não sei de quem ele puxou esta mania de se exibir que ele adquiriu.  Fica parecendo aquelas orças de parque aquático, esperando os aplausos da platéia, querendo ganhar umas sardinhas de presente do treinador.
Carol tem que brigar pra tirar ele da água.

Eu, fico encantado, achando que ele é mesmo é um boto cor de rosa.  Só de ver, fico todo inchado.



sábado, 19 de fevereiro de 2011

Edição Extraordinária 50 - Fracasso



A NefroWalkers da Praça Duque de Caxias foi um desastre.  Caminhar que é bom, quase nada.  Quando eu cheguei, às 7, tinha ninguém.  Ainda bem.  O sol ainda estava devastador.  Aproveitei pra tomar as providências básicas de produção.  Conversar com a Polícia, conversar com o Bolão, conversar com o povo dos Inocentes, essas coisas.

Mas aí o povo foi chegando.  A gente nunca reuniu tanta gente assim...  Com a bateria quebrando tudo, a gente acabou não conseguindo se reunir pra caminhar organizadamente.  Ninguém estava nem aí pro que eu falava.  O povo se espalhava e rodeava a bateria, cada um sambando quietinho, no lugar.
Quando chegou, Tomás demorou a querer alguma conversa.  Saiu do carro meio dormindo e, quando viu, estava aquela confusão dos Inocentes.  Demorou um tempinho, pra ele entender e gostar...



O que eu gostei mais foi a idéia dos Inocentes fazer estes ensaios com os meninos mais novos.  É mais ou menos como se fosse um programa de trainee pra bateria.  Os meninos começam ali e vão crescendo dentro do bloco.  Achei a idéia gênio.
Fiquei lembrando da dificuldade dos congadeiros de Cachoeira da Prata, pra arrumar gente pra continuar a tradição das folias e das festas.
O carecão regendo o grupo é o Mestre Ângelo, que nos recebeu com o maior dengo do mundo.




Vivi, gênio do mal, quando ia ser entrevistada pela TV Globo, falou com o repórter: 
Moço, pelo amor de Deus, me deixa fora disto.  Minha mãe acha que eu estou na aula... 

Acho que foi isto que acabou deixando o repórter aos prantos, emocionado com o NefroWalker.


Por pouco eu fui preso, pela esculhambação.  Não fosse a compreensão dos amigos da lei, uma hora destas eu estava vendo a lua nascer quadrada.



Agora, vai entender...
Na caminhada, quase ninguém.  No Bolão, na despedida da casa, a gente fechou 12 mesas


Fora Rossana, que eu não via há anos, e apareceu com Zé Maria e Zeca.


Paciência, caminho na próxima lua cheia...






sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Rapidinhas 04 - Reservado



Corri agora, na hora do almoço, no Bolão.  Conversei com o Antônio, que parece ser o próprio, sobre a Despedida do Bolão.
Diz ele que 21:00 horas ainda está vazio e que ele pode reservar mesa pra umas 12 pessoas.  Eu chego às 19:00, pra acompanhar o ensaio do Inocentes. 
Quem for chegando, pode ir ocupando o lugar.  Ele vai preparar um molho al sugo e um alho e óleo para pacientes renais, sem sal e sem conservantes.  Em este não sendo seu caso, você pode bater um Rochedão destes aí de cima.
O garçon vai garantir a cartela individual, pras despesas.  Quem vai nos receber é o Carlos Henrique

Acho que passo na Igreja de Santa Thereza antes desta confusão toda.

Vejo você lá.

Edição Extraordinária 49 - Loucos!


Este blog começou inspirado no Maurilo, do Pastelzinho.  Eu ficava fascinado como o cara conseguia tirar beleza e poesia do mais prosaico cotidiano.

Na minha cabeça, eu tinha umas 15 histórias, com alguma leveza, onde eu poderia contar sobre o processo em que eu e Valente resolvemos baixar a bola de um tumor que tinha nos levado nosso rim esquerdo, em agosto de 2009.  E as histórias eram, no final das contas, engraçadas até pra mim, que era o objeto d’A Saga.

Pesava a ameaça que me fazia Bernardo, meu filho que mora (não na Nova) Suissa e que vivia martelando na minha cabeça:
-  Ruim vai ser quando você ficar prisioneiro do blog...
Eu não enxergava aquilo muito bem...

Estava semana eu me dei conta que estava prisioneiro.  Completei dois momentos singulares, que me eram inimagináveis no início.  Primeiro, tinha alcançado 20.000 views depois que eu pedi ajuda ao Google Analytics no dia 08.04.2010.  E segundo, o blog conseguiu 100 seguidores[1].  Brincando, brincando, são 3.171 visitantes únicos de 37 países.

Neste percurso, conheci a Sakana-san, uma publicitária japa que, se tudo der certo, vira bióloga e arruma logo um transplante duplo pra ela.  A blogueira mais mal-humoradamente adorável que eu já vi.  Conheci a Nana Roig, que estes dias termina uma série interminável de 12 bombas pra acabar com o linfoma dela.  Daqui a um cadinho de nada, o cabelo dela está igual ao do Celso Kamura, maquiador da Dilma.  Conheci, pelo blog, a Márcia Cabrita, que também usa isto aqui pra lavar a alma.  E fico torcendo pro dia que o Paulinho Saturnino vai reativar o blog dele.

Por aqui eu tieto também, com alguma discrição[2], a doçura da Renata Feldman, o refinamento esporádico do Fernando Fabbrini e o escracho permanente do Tiago Cruz.  Eles são uma das principais razões deste outro resultado do blog, quando ¾ dos fiéis leitores chegam por indicação ou direto, sem passar pelos googles da vida.



Inventamos as NefroWalkers, que amanhã acontece a sexta, de um total de sete, que a gente pensou, de início. E, ao que parece, vai ser um festão, com carnaval, macarronada e uma reza direitinha na Igreja de Santa Thereza.

Quer dizer,  Bernardo estava certo quando me ameaçou. 
Mas quando vejo que nem quando eu avisei que ia ficar recolhido no Meu Sítio, do dia 29 de dezembro ao dia 10 de janeiro, você deixou de dar uma passada aqui, acho, definitivamente, que vocês são loucos.,...

Fiquei prisioneiro. 
E, como diz Lisa, minha filha, I love it!



[1]  Está com 101 hoje .  A menos que você se inclua nesta lista e melhore a estatística

[2] Na medida em que você encontra algum rasgo discreto neste que vos fala.



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

NefroWalker PréCarnavalesco - 147



A coisa começou com a Aldinha, que na última NefroWalker virou meio mundo pra levar a Banda da PM pra tocar pra nós.
Acaba que a gente sempre dá uma sorte danada. 
Por indicação do Serginho Lopes, entrei em contato com o Ângelo, do Inocentes de Santa Thereza[1].  O cara foi superatencioso.

Você acredita que os Inocentes têm um ensaio programado na sexta feira, no mesmo horário da nossa caminhada...?  Claro, eu vou dizer que fui eu que contratei.  E tirar a maior onda.

E Regina, minha irmã, sugeriu a gente procurar o Bolão e pedir para eles já deixarem preparado um prato especial pra deficiente físico.  Vou lá hoje de noite, ver se tem jeito.

Quer dizer, gosta de Carnaval?  Tem. 
Gosta de macarrão?  Tem.
Prefere rezar?  Na Igreja de Santa Thereza tem.
NefroWalker é pura sopa no mel, bacana.

Agora só falta chover.  Até hoje, todas, repito, TODAS as NefroWalkers foram sem chuva.

Diz Bia Sathler que nós vamos virar os maiores produtores de flashmob da história.

Bom mesmo é que a gente se diverte bem ...



[1] Ele me ensinou que é com h e com z.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Edição Extraordinária 49 - VI NefroWalker Despedida do Bolão


Depois do papelão de janeiro, quando eu fiquei de férias no Meu Sítio e perdi a lua cheia, a IV NefroWalker vai ser na lua cheia de sexta feira, 18 de fevereiro, na Praça Duque de Caxias.  Aliás, eu nunca soube que o nome dela era este.  Sempre achei que era Praça da Igreja de Santa Tereza.  Mas é bom que assim fica fácil de achar.  Ali, entre o Colégio Tiradentes, da PM, e a Igreja.

Só que ela vai ocorrer justo em um momento que Belo Horizonte vai se despedir do Bolão, um templo da boemia que, diga-se de passagem, eu nem nunca fui freqüentador assíduo.

Daí, depois da nossa caminhada, a gente aproveita e bate uma macarronada pra recuperar o desgaste.

Então anotaê, dia 18 de fevereiro, sexta feira, de 19:30 às 21:00 horas VI NefroWalker  -  Volta da Praça Duque de Caxias.  E depois, a despedida do Bolão.


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Tribunal - 146



O dia tinha sido agitado.  Diogo levou Tomás pra assistir o jogo do Cruzeiro, Digo tentando de todo jeito que o menino virasse de time,  correria,Tomás voltando sem ter mudado de lado, certo que o Cuzelo era, definitivamente, fedolento. 
Em outras palavras, muita pressão.

Diogo ia ficar até segunda cedo e eu e Gêisa estávamos preparando pra voltar pra Belo Horizonte.  No final da tarde, sei lá por qual motivo,  Tomás destampou a brigar comigo.  Foi extremamente grosseiro, de uma forma incomum.  Era evidente que ele estava exausto.  Do nada, o menino começa a falar alto, me xingar, um tandepá de dar gosto.

Eu, murchinho, meti minha viola no saco e fui pro carro, sem gracinha de fazer dó...

Diogo, claro, percebeu e já ia brigar com Tomás.  Eu, me fingindo magnânimo mas morto por dentro, ponderei com Diogo que ele estava cansado e que ele deixasse pra conversar depois que Tomás tivesse dormido.  E comecei a guardar as coisas no carro, enquanto Gêisa combinava com Carol as últimas providências.

Sem que eu visse, Diogo chamou Tomás em um canto e lá estavam os dois confabulando, Tomás gesticulando muito.
Foi aí que Diogo me chamou de lado, segurando o riso, vendo minha cara de cão sem dono.
-  Ele tinha brigado porque não queria que você fosse embora.

Aí eu entendi o que significava sair dançando pelas ruas[1]...

Um dia este menino me mata.

 


[1] http://www.youtube.com/watch?v=CdvITn5cAVc




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Alto desempenho - 145



Hoje bati meu record.
Foi o dia que eu menos ganhei peso entre uma diálise e outra.  Exatos 1,300 kilos[1]. 
Tudo resultado da Sorveteria do Valente, depois que eu comecei a roer gelo.  Até aí, tudo bem, já tinha falado sobre este ganho com você.

Mas o legal é que isto acontece numa hora que vem acompanhada de uma série de outras notícias boas[2].

Amanhã eu tenho consulta com Leco, meu personal oncologist, e semana que vem com Xande, meu personal urologist.  As duas pra levar os resultados de uma bateria de 11 exames de sangue de acompanhamento.  Tudo, repito, tudo dentro dos níveis de absoluta normalidade.  A coisa que mais incomodava Leco era a hemoglobina baixa[3].  Coisa que seria facilmente consertada com uma injeção de uma droga chamada noripurum.

Se ela não fosse cancerígena...

Acho que a coisa ficou bacana pelo consumo de frutas congeladas que eu tenho ingerido, no lugar da água.  Principalmente caju, pêssego, ameixa, maçã e melancia

Junto com isto, levo a tomografia computadorizada, com o aval da MariLou, minha personal radiologist.  Diz ela que não tem nem sombra de tumor, que eu podia me despreocupar.  E que nas próximas era melhor eu fazer ressonância magnética por três vantagens fundamentais.  Aí ela conversou de outra coisa e eu esqueci de perguntar sobre as três vantagens.
Pode?
Leco depois liga pra ela.

Segundo Alê Melo, marketing de uma clínica de hemo de Guarulhos e que acompanha esta saga desde o comecinho, eu devia ganhar foto na parede de Paciente do Mês, igual no McDonald’s.

O primeiro a ver os resultados em primeira mão foi ZéAugusto, meu personal nephrologist lá da hemo.  Com a cara mais debochada do mundo, ele perguntou se eu tinha mandado Diogo pra fazer exame no meu lugar.

Traduzi aquilo como um Parabéns pra você pra mim...



[1] Onde é que eu deixei meu Manual de Redação? 1,300 kg é singular ou plural?  Ou troco para exatos 1.300 gramas.  Mas grama, mesmo sendo masculino, é uma grama... 
Saco!  Seria melhor dizer que engordei quase nada e pronto.

[2] Boas pra mim, pelo menos.

[3] Por causa dela, eu ficava um caco, me cansando por qualquer esforçozinho de nada.


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Edição Extraordinária 48 - Bom dia, vida



Diogo anda na maior falta de paciência com a rasgação de seda que eu e Fabia Zita andamos nela.  Mas, outro dia, ao falar sobre mim no facebook que “é dono do 'meu sítio', um lugar mágico onde me refugio às vezes e onde, há anos, passo o reveillon.ela cometeu duas imprecissões muito relevantes que, quem acompanha esta saga, sabe da gravidade.

A primeira, é quando ela fala que eu sou dono do Meu Sítio. Tem é tempo que eu já reconheci, aqui também, que Tomás vai, devagarzinho, se apossando de tudo meu.  Gêisa incluída...
A segunda, quando ela fala que o lugar é mágico.  Você não sabe da missa um terço, Fábia Zita...

Ontem de manhãzinha, no Globo Rural, repassaram matéria excepcional sobre reprodução de jumentos, do José Hamilton Ribeiro.  Aí, quando eu estou no meio da minha dormidinha de depois do almoço, Diogo me acorda gritando:  Tá igual o Globo Rural!

Faísca, a pequira mansinha do Tomás, estava expulsando a bolsa.  E, enquanto Diogo saia pra buscar ajuda, lá vou eu, com meu cajado, auxiliar o parto.  Mágico é pouco.  Igualzinho na matéria.  Com a diferença que os vaqueiros eram experientes.  Já eu, no máximo, deficiente.

Primeiro os pés, depois a cabeça.  Tudo certinho.  E eu não me cabia em si.  Dei uma ajudazinha, puxando pelos pés, com o maior cuidado, tirei a placenta do nariz porque EU fiquei sem ar, e chamei Tomás. 

A pergunta que você está se fazendo agora, claro, é desnecessária.  Claro que eu chorei...
A matéria é meio longa mas minha orientação está a partir do 9:20.  Foi tudo igualzinho. 





Aí Carol me deu mais este

este
 (atenção à falta de paciência da Carol quando Tomás fala:  vovô falou que pode...)

e este.

Não deve ter tido outro assunto com os coleguinhas do Clic hoje...


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Homem não chora II O retorno - 144



Fábia Lima é irmã do Diogo desde a época de faculdade.  Acho até que foi através dela que Carol apareceu pra iluminar a vida desta casa.  Há anos ela assumiu a festa de Ano Novo no Meu Sítio.  Ela é quem comanda, faz a programação, cardápio, determina quem vai e onde vai dormir, ...  O troço bomba!
Vira dona.  Fica igual Diogo, dando ordem em mim.  Em dona Gêisa não, que ela não é doida...
Mas aí, outro dia, Fábia fez um comentário tão doce quando eu falava da minha emoção vendo as árvores do Meu Sítio dando frutos que eu resolvi postar, com medo de você não ter lido.
Lá vai:

O que você não, sabe, Paulinho, me vendo assim toda prafrentex, é que tive uma infância de sítio igualzinha a que vocês estão dando pro Tomás.

Adoro ouvir minha mãe contando do fogo que coloquei debaixo da cama, das minhas pernas sempre raladas igual à dos meninos e dos meus sumiços, voltando no final do dia imunda, "só dando pra ver o branco dos olhos e dentes".

E adoro lembrar dela fazendo rosca no forno de barro, dos doces no fogão de lenha e da linguiça no varal. Adoro até mesmo a lembrança dos pitos, e da falta de moral quando ela tentava colocar ordem na casa no meio daquela bagunça toda (qualquer semelhança com dona Gêisa fica aqui entre nós).

E adoro lembrar do papai levando a gente pra plantar árvores, colher frutas, fazer horta, construir galinheiro, chiqueiro, arrumar charrete... e quase morro de saudades dele ser mais criança do que nós, ensinando a gente a fazer bagunça e ser ainda mais moleque (você conhece alguém assim?).

Por tudo isso, a acolhida no Meu Sítio é sempre muito mais do que o prazer de estar com vocês: é um jeito de eu reviver a minha própria história e de estar perto, de novo, deste tempo tão delicioso.

E o melhor a gente já sabe: enquanto revive nossa história, a gente está construindo outras para o Tomás contar pros filhos e netos dele! E os casos que ele vai contar, Paulinho, serão mesmo os mais incríveis do mundo!!!

Beijão pra vocês. Te amo. :)

Pronto.  Danei a chorar de novo...


Em tempo:  Um punhado das árvores que estão lá foram, digamos assim, subtraídas por ela da Floricultura Mangabeiras.
Fora uma outra história, impublicável, que eu só posso te contar no pé do ouvido, sem testemunhas...


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vendetta - 143



Quando eu fui pra França, Diogo recém nascido, levava na bagagem a camisa 9 do Galo, à época propriedade do Reinaldo, o baby-craque.  Lá, a camisa virou bandeira e decorava o quarto do Diogo, na esperança de bom encaminhamento pro menino.

Não sei exatamente por qual razão, Diogo, e de quebra, as meninas, viraram cruzeirenses convictos.  Acho que devo a isto o profundo desinteresse que passei a ter pelo futebol.

Mas aí, sabe-se lá o porque, Tomás começou a gritar Galo!  Do nada.  Diogo tentava de tudo.  Dava camisa, dava bola, nada...  O menino, saia, rindo, repetindo o bordão que, no meu entendimento, era a coisa mais horrorosa que podia ocorrer àquela cabecinha:
-  Cuzelo fedolento.  Galo bonitinho!

Domingo, a gente no Meu Sítio, comecei a sentir o cheiro de armação no ar.  Diogo misterioso, Carol misteriosa...  No meio da tarde, veio a bomba: 
- Nós vamos com o Digo[1] levar o Tomás pra ver o jogo do Cruzeiro.

Tentei seduzir Tomás pra vir brincar na piscina mas Diogo apelou.
-  Não dificulta não, pai.  É sério!
E fez o assunto morrer ali.

Digo já tinha armado tudo.  Como sabia da aversão do Tomás pela camisa azul, providenciou uma camisa amarela.  Armou pro menino entrar em campo com o Raposão[2].  Pura lavagem cerebral...

Fiquei o fim de tarde amuado.  Já quase na hora de voltar, tomando banho, escuto a voz do Tomás, chegando do campo:
-  Cuzelo fedolento. Galo lindinho!
A lavagem cerebral não tinha dado certo.

Tomás olhava pra mim e pedia pra cantar o hino do Galo.  Digo ligou, morrendo de rir, pra me contar o fracasso da estratégia de sedução. E terminou, rachando, com uma falsa irritação:
-  O pai do menino é um banana!  Eu não deixava isto acontecer com filho meu de jeito nenhum...

Espera, Rodrigo.  Eu e o Cris da Ciça já estamos armando um jogo do Galo pra levar o Tomás.



[1] Pra você ver o tamanho da encrenca, Digo, além de padrinho do Tomás, é tão cruzeirense que quando casou com a Carol dele, fez questão de entrar com ela em um jogo, no Mineirão, vestidos, os dois, de noivos.

[2] Graças a Deus, Diogo atrasou e não chegou a tempo de entrar em campo.  Menos mal...  Ia ser duro se ele gostasse do bichinho.