segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Homem não chora - 142



Se este título valer alguma coisa, pode procurar outra classificação em que eu me encaixe.  É que o Meu Sítio está lindo, com esta chuvarada.  Nascendo fruta pra todo canto.

Já na entrada, tem um pé de amora que deixa Tomás com a boca pretinha.  Lindo.  Ele adora subir no pé e só sai de lá com a roupa imunda...  E agora a coisa ficou mais bonita ainda:  tem um ninho de tucanos ali, com aqueles filhotinhos começando a alçar vôo.  

Na porta da cozinha, tem um pé de acerola que inicia um círculo virtuoso fantástico.  Um,  porque dá fruto que é uma beleza.  E a outra, porque chama passarinho que pra danar.  Aí, já viu, come as frutinhas, caga as sementinhas e começa o ciclo toco de novo.

E a diversão da Gêisa e dos meninos vira esta.  Quando Diogo me trouxe a primeira jabuticada que deu no Meu Sítio, destampei a chorar.  Lembrei de um pé de jabuticaba que papai plantou na casa do Gutierrez.  Acho que ele já estava com câncer.  Devia pensar:  se eu não chupar, vocês chupam.

Agora tem acerola, limão, mexerica, laranja, côco anão. Pequi, caju, manga e mais um punhado...  As frutas todas com história.  As mudas de caju ganhei do Guguta, irmão do Marcelo.  A acerola, foi Paixão que me deu, junto com umas mudas de pinha, que ainda não floresceram.  As lixias do Serginho resolveram morrer.  Comprei 20 pés, pra deixar claro quem manda ali [1].

Agora os meninos resolveram plantar mais um monte de árvores, pra reforçar o bosque que eu vou deixar de herança pros meus netos.  Tem jacarandá, mogno, eucalipto, fora as que não podem ser cortadas nunca mais:  ipês de todas as cores, pau-brasil, pau-mulato.

Uma verdadeira maravilha.  Com isto, minha vida fica mais ou menos arrumada.  Já plantei árvores, já tive filhos e, se você for um pouquinho generoso, a gente pode considerar este blog como um livro.

Bacana, né não?


[1] No dia que eu comprei os pés de lixia, Diogo me olhou incrédulo:  Vinte mesmo, pai?
-  Vinte, falei convicto.  Tenho que mostrar pra elas quem manda neste Meu Sítio! 
(depois do Tomás, é claro...)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pensando melhor, ... - 141



Desde o comecinho desta saga eu já falava com você da minha arrogância e do tanto que ela me fazia mal.  Pedir desculpas, reconhecer erro, isto fazia parte das coisas que eu deixava bem escondidinhas no fundo do meu armário.  Mas, devagarzinho, eu tenho aprendido a rever estas coisas.

Talvez por isto meu entusiasmo com o jeito do Clic, a escolinha do Tomás, ajudar ele a enfrentar as dores de cabeça que aparecem na vida.  Pelo menos eu acho que foi com o povo de lá que Tomasinho aprendeu isto.

Toda vez que Tomás é pego no ato, empreendendo alguma travessura, Diogo e Carol chamam a atenção dele.  Claro que com muito mais eficiência que eu, que devo derramar alguma coisa cheirando paixão que faz ele considerar menos meus esporros.  Com Diogo e Carol, não tem brincadeira.  É tipo “tô falando sério, Tomás”.

Claro que ele, tem hora, encara e arruma uma bateção de boca doida.  Mas, cada vez mais, Tomás encaixa o golpe e assume que errou.  Nestas horas, coisa mais linda, abaixa a cabeça e sai falando:
-  Tá bom, tá bom!

Em linguagem de adulto, é o equivalente a dizer desculpe, eu sei que errei, você tem razão, não precisa ficar repetindo, alguma coisa assim.  Mas, ainda bem, fica a quilômetros de distância da minha testa levantada, boca travada e da dificuldade de pedir perdão.

Esse menino vai levar a vida muito mais leve que a minha, Deus queira...

A história do tá bom, tá bom!!! está mudando minha vida.


 

sábado, 22 de janeiro de 2011

Retrouvailles II - O retorno – 140



Depois que achei Inezinha, como que por acaso, começou uma sucessão de reencontros na minha vida.

Ontem, indo no LifeCenter pegar uns remédios, escuto uma voz na minha nuca:
-  Paulo César Coelho Ferreira!
Era o Binha, meu companheiro do Loyola.  Faziam exatos 47 anos que a gente não se via e parecia que ontem a gente tinha jogado bola.  Acho que hoje ele é um psiquiatra importante.  Na hora, pareceu que a gente estava ali, matando aula.  Morremos de rir quando ele lembrou de um grito de guerra que eu roubei do Paulão (eu acho):
-  Zum, zaravalho, pum, zarapim, qüé qüé, o qüé qüé, zuuuuuum...  Aí a coisa evoluía pra um terreno, digamos assim, impublicável.  Nós dois morrendo de rir, e o povo no elevador, constrangido conosco.  Volto lá, qualquer dia.  No quinto andar.  Morrendo de medo de ele mandar me internar...

Há coisa de um mês, um mês e pouco, saindo da casa do Paulão, escuto meu nome de novo.  Era Padinha, também da turma nossa do Loyola.  Binha, que nem eu, era mais desajeitado.  Mas Padinha era um craque.  Foi o primeiro cara que eu vi, na minha vida, usando um Rainha de couro, preto, pra futebol de salão.  Legítimo.  Um upgrade do kichute...  Coisa só pra virtuose!

E há pouco tempo atrás, me aparece a Thê, minha irmã no Estadual.  Ela e Lígia eram as meninas mais doidas da nossa turma.  Lembro de uma vez que eu ganhei delas um presente de aniversário encantador.  Um cavalinho[1], feito com duas batatas, um palito de pescoço, quatro palitos de patas e um barbante de rabo.  Inesquecível.  Depois, me aplicaram n’O apanhador no campo de centeio.
Ela ficou um dedinho incomodada quando eu contei que, apesar da hemodiálise, eu estava lindo.  Me trucou no ato.

Esta semana vou encontrar com ela, levando o livro Fragilidade, do Jean-Claude Carrière, de presente, que foi quem me ensinou a focar no que realmente era importante.

E acho significativo que essas três pessoas, mais Inezinha, tenham reaparecido, justamente quando eu estou retomando o que me tem sido mais relevante na minha vida:  meus amigos!

 
 


[1]  Talvez fosse um boizinho!!!


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Edição Extraordinária 47 - Guarda Chuva



Outro dia mesmo eu estava irritado com a inércia que atinge nós todos nos momentos de crise.  Como se, diante do horror, a gente ficasse travado, sem ação, não sabendo direito como proceder.

Aí apareceu o Movimento Guarda-Chuva, um movimento criado por empresas que acreditam que a comunicação é capaz de articular pessoas e propósitos. Um movimento criado por empresas que acreditam na força de uma ideia, principalmente quando essa ideia é a mobilização para ajudar as vítimas da maior catástrofe natural já ocorrida no Brasil. Um movimento criado por empresas que querem mais e mais pessoas e empresas nesse movimento.
Pão, pão, queijo, queijo, é um projeto iniciado pela TOM com o objetivo de usar a comunicação para organizar nossa ansiedade.  Um amigo dos meninos, veja você, está enchendo uma caminhonete com doações e está correndo pra região serrana do Rio.  Correndo o risco de não ter onde dormir, do carro ser engolido por alguma enchente no caminho, essas coisas comuns em situações deste tipo.

Tudo bem.  A Defesa Civil está bem equipada para atender estas situações de crise.  Mas tem um punhado de ações essenciais que antecedem a entrega das doações.  Tipo montar kits de higiene pessoal (fazer uma sacolinha com uma escova de dentes, um dentifrício, um sabonete, um absorvente íntimo, por exemplo).

É aí que entra o Movimento Guarda Chuva.  Você tem três postos da Cruz Vermelha, aqui em Belo Horizonte, que estão precisando de mão de obra.  Esforço braçal, mesmo.  Pra você chegar e ajudar a montar o material que vai ser enviado.

Escolhe aê onde fica mais fácil pra você ajudar:  no Leroy do Belvedere, no Chevrolet Hall na Savassi ou na Cruz Vermelha da Ezequiel Dias, atrás do Parque Municipal.  
Corre lá e dá sua mãozinha, hoje, até 11 horas.

Depois, no http://twitter.com/#!/MoviGuardaChuva, você vai acompanhando o Movimento pelo twitter.  Ou você acha que o espírito Natal já acabou?



quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Rapidinhas 03 - Faiô!



Sacanagem!!!
Tô na maior tristeza...
É que, com a história de eu ficar namorando com Dona Gêisa no Meu Sítio nesta virada de ano, acabou que não deu pra organizar a NefroWalker de janeiro.
E, como a gente é protegido, mais uma vez não deu nenhum sinal de chuva.

Paciência.

Fico te devendo uma caminhada ninja pra Lua Cheia de fevereiro.
Pode anotar na sua agenda: dia 18 de fevereiro, sexta feira, na Praça Duque de Caxias.

Vou mantendo você informado.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Luz no fim do túnel - 139



3% é o número que, tecnicamente, baliza o ganho de peso entre uma sessão e outra de hemodiálise.  Mas, ao mesmo tempo, é um número bacana pra um brasileiro médio, de 1 metro e 70, setenta e cinco kg de peso.  Quer dizer, na média, o que se ganha entre uma sessão e outra é algo em torno de 2 kilos.  Isto, repito, o brasileiro médio.

E todo dia lá vinha a psicóloga do Núcleo encher o raio do meu saquinho, me recriminando por eu estar com um ganho de peso médio perto dos 4 quilos.  Foi aí que eu fiquei sabendo do padrão dos 3 % pelo Zé Augusto, meu personal nephrologist.  Apesar do meu ganho estar dentro do meu, digamos assim, porte, perder 4 quilos me deixava (quase) extenuado.  Eu saía da hemo e batia na cama, exausto...

E foi aí que a Sorveteria Valente começou a fazer efeito.  Eu comecei a matar a sede comendo fruta congelada e chupando gelo, em vez de beber água.  O resultado foi surpreendente.  Teve dia que eu cheguei com menos de um quilo de variação.  Mas a média tem ficado em torno de 2 quilos, 2 e pouquinho.

Mais importante do que ganhar uma briga, apoiado na existência do padrão dos 3% da massa corporal, os resultados pra o coração, diz Zé Augusto, são indiscutíveis.  Quanto menos peso neste ganha e perde intersessões, menos desgaste pra este corpinho que eu gosto tanto.

Tenho adorado chupar gelo.  Cada cubo tem aproximadamente de 15 a 20 ml.  Mesmo passando a manhã toda com o gelo na boca, eu acabo tomando só 200 e poucos ml.  Um copo dágua.

Na próxima vez que você me convidar para ir na sua casa, o cardápio já está definido:  cubos de figo, melancia, maçã, pêra, congelados.  E pedras de gelo.

Você, eu não sei.  Mas eu, vou adorar...

 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Rapidinhas 02 - Descaso


Saco!
Alkimin, assustado, falou que não se constrói saneamento da noite pro dia.
Agora, o presidente da Sapesp cheio de blá blá blá no http://tv.estadao.com.br/videos,enchente-em-franco-da-rocha-tudo-que-a-sabesp-podia-ter-feito-foi-feito,129237,250,0.htm dizendo que fez tudo o que podia...
Atenção, governantes:
1. Vai chover pra c*r*lho no verão de 2012
2. Vai chover pra c*r*lho no verão de 2013
3. Vai chover pra c*r*lho no verão de 2014
4. Vai chover pra c*r*lho no verão de 2015
5. Vai chover pra c*r*lho no verão de 2016
e nos outros anos todos também...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Edição Extraordinária 46 - Overdose




Primeiro foi o Allê de Guarulhos que começou a procurar como importar o suco.  Me recomendou que comesse a romã com abelha e tudo e largasse esta bobagem de fazer suco.  Aí Júlio, meu irmão que deixou um bilhete meu pra Ele no Muro das Lamentações em Jerusalém, arrumou um concentrado de romã[1] que você acha em qualquer mercadinho árabe[2].  Aí, Gláucia, irmã da Gêisa e do Gilberto que arrumou o ônibus pra banda da PM, chegou aqui em casa louca atrás de extrato de romã.  Recomendação da dermatologista, que era bom pra pele, pra blá, blá, blá...  E nós conseguimos uns quatro fornecedores.  Andando no Mercado Central atrás do concentrado, descobri um xarope de romã, que dá pra fazer uma raspadinha maravilhosa[3].

E, por falar em banda, Marili, que mexeu os pauzinhos pra coisa dar certo, achou o suco em um freeshop numa viagem que ela fez a Nova Iorque.  Pra finalizar, Flavinha, minha irmã, chegou no Meu Sítio com umas romãs megablaster, gigantescas, que ela encontrou na véspera do Dia de Reis.

Quer dizer, ando fazendo a maior força pra controlar mas minha casa anda toda cheirando romã, esses dias.  Eu estou achando lindo.  Ciça e Gêisa estão implicando um pouco.  Falam que eu sou meio exagerado...

Bobagem, digo eu.  É só uma fase!


 
[1]  Coloca água e fica um suco recomposto maravilhoso.

[2]  em São Paulo.  Dona Hanna, no Mercado Central, não tem e me recomendou mil lugares.  Não achei em nenhum.

[3]  Primeira festa que tiver aqui em casa, vou inventar um coquetel de romã...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pré Ocupado - 138



Passei a véspera do ano novo com o angu na mão.  Pela primeira vez, eu e Gêisa tínhamos decidido passar um tempo no Meu Sítio e, junto, isto significava que, pela primeira vez também, eu ia experimentar fazer minha diálise em um centro desconhecido. 
Em Sete Lagoas... 
Tudo bem.  
Não é nenhum fim de mundo mas não chega a ser um pedaço da Bélgica...
Lá fui eu, puro preconceito, morrendo de medo do que me esperava, longe do meu porto seguro aqui no Núcleo.

Meu medo crescia ainda mais quando lembrava que, há coisa de uns três ou quatro anos atrás, a nefrologia lá andou tão mal das pernas que as pessoas tinham que vir fazer diálise em BH, em um quarto turno (que foi a forma de atender a demanda assim, de uma hora pra outra).

A tensão ficou pior ainda porque, na semana que antecedia o Natal, fui informado que não haveria vaga.  Mas eu queria muito passar os 10 dias no Meu Sítio[1].  Já estava negociando com Gêisa e os meninos que eu viria e voltaria a BH de ônibus. 
O que, il va sans dire, deixava dona Gêisa com uma beiça gigantesca...  Ela nem considerava a hipótese.

Até que, faltando dois dias pra viagem, Papai Noel me liga dando a notícia que tinha vaga na Nefrovida em Sete Lagoas.  Agora era arrumar coragem e enfrentar esta onça...

Mas rapá, você acredita que lá era um pedaço da Bélgica?

O Nefrovida é, definitivamente, um espetáculo.  Tudo novinho, amplo, arejado, iluminadinho, umas dez tvzonas de plasma passando Tititi, maravilha das maravilhas.

Os caras têm uma perfeita noção do conceito de Experiência em Marketing.  Tudo com uma marca definitiva do cuidado com o cliente.  Fiquei apaixonado.  E com um diferencial relevante pra mim:  todos os técnicos de enfermagem eram, na verdade, técnicAs.  Todas.  Ficavam aquelas anjinhas me enchendo de cuidado...

No dia de vir embora eu quis tirar uma foto com a Joseane.  Mas ela ficou com vergonha e, mais uma vez, vocês vão achar que é mentira minha.

Beijo meu pra todo mundo aê.

Em tempo:  Este vídeo foi feito com a mão esquerda.  Por isto está todo tremido.  Mas dá uma idéia boa da qualidade do serviço e do acolhimento do NefroVida da Irmandade Nossa Senhora das Graças de Sete Lagoas.


[1] Tomás continua bravo, até hoje, e me corrige, ligeiro.  Fazenda, vovô!