domingo, 30 de maio de 2010

Festa no berçário - 78



Nossa família é sempre muito inconveniente.  O principal código nosso é, na hora do stress, rir.  Mas não é sorrir, elegante, como você faz.  É gargalhar de forma tão compulsiva, tão contagiante que, ou a pessoa interage ou cai fora.

Isto vale pra festa e pra enterro.  Pra hospital, então, cai como uma luva.  É só um de nós ficar nervoso e acaba com a gente danando a ter convulsão de riso.  Parece até o Mercado Municipal, no sábado ao meio dia.  Uma verdadeira fuzarca.

Quando mamãe operou de um câncer no seio, virou festa.  Nesta minha operação, outra.  A gente até, acho que sem querer, fazia isto no domingo, no Círculo Militar.  Na hora que a gente chegava, não tinha mesa e cadeira pra todo mundo.  Sentava um, e começava a rir.  Ia chegando, o riso aumentando.  Quando a gente olhava, havia se aberto uma clareira em nossa volta.  Aí era só ir ocupando o lugar.

No berçário foi meio que assim.  Cheguei eu, Flavinha, Regina, depois Ciça, e a tensão aumentando.  Nossa e das enfermeiras.  De repente, começou uma risadaria que num minutinho o pai da Isadora, vizinha de berçário do Henrique, parecia que era amigo nosso desde pequenininho.  As enfermeiras pedindo a gente pra fazer silêncio, mas com um sorriso cúmplice no rosto que aniquilava qualquer tentativa de colocar ordem naquela balbúrdia.

Mas correta um pouco que o pai, Ciça tentava por ordem na coisa.  Tudo bem.  Eu sei que não tem graça e que hospital é lugar de silêncio.  Mas é da nossa natureza.  Fazer o que?
Não tinha jeito era de ficar em silêncio, comportados, atendendo a uma liturgia que, naquele momento, não fazia o menor sentido pra gente.

Mas agora, guardado um mínimo de distanciamento crítico da situação, ver o Henrique ali, distribuindo aquela quantidade de beleza, acho que a gente foi até discreto.  Chegou até a pintar um climazinho entre a Isadora e ele.

Ia dar um casalzinho dos bem bonitinhos, aqueles dois...


8 comentários:

Unknown disse...

Aqui, minha visinha é coordenadora da enfermagem lá na Otaviano. Então contei q a Duda tinha tido nenem e que eu não tinha procurado por ela pq a gente tinha feito muita bagunça lá no berçario e fiquei com medo de levar bronca. Ai ela disse rindo: __ então eram vcs?

PC disse...

Eu, não, Flaviacoelho5.
Vocês...
Nem sei do que você está falando...

Luli disse...

Eu é que o diga! Perdi uma noite de sono com os gritos que vinham do seu ap...
Pior foi ter que ligar no dia seguinte para saber se estava tudo bem e você rachou da minha cara.

Unknown disse...

Gente!!!
Que falta de compostura...
Pena que eu não estava lá pra ver isso. Saco!!!

Beijos

PC disse...

Se não é a sensatez zen do Marcelo, todo mundo tinha ido em cana e tinha dado escândalo no Jornal Nacional, Luiza.
Agora, rachar, a gente racha até da nossa, todo dia...
Beijos

PC disse...

Perdeu, Adríola.
Próximo parto eu te pego no escritório.
Beijos

Renata Feldman disse...

Rir faz um bem danado pra alma da gente, PC!... Principalmente quando não pode....
Beijos

PC disse...

Quando não pode, Renata, é nóis...